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Governo da Síria bombardeia objetivos civis, segundo HRW

Foto: Louai Beshara/AFP

Doha, Catar, 12/4/2013 – Padarias e hospitais são bombardeados na Síria, entre outros objetivos civis, denunciou ontem a organização Human Rights Watch (HRW), que acusou o regime de Bashar Al Assad de cometer crimes de guerra. “Os indivíduos que cometem graves violações das leis da guerra, deliberadamente ou por negligência, são responsáveis por crimes de guerra”, declarou a HRW no documento Death From the Skies (Morte Vinda dos Céus).

“Os bombardeios do governo sírio que matam civis parecem ser parte de ataques sistemáticos e propagados contra a população civil”, afirmou a HRW. Esta organização, com sede em Nova York, baseou suas conclusões em investigações em áreas rebeldes de três províncias sírias açoitadas pela guerra. O grupo documentou ataques aéreos contra quatro padarias e dois hospitais, entre outros objetivos civis.

O hospital de Dar al-Shifa, na cidade de Aleppo, norte do país, foi bombardeada pelo menos em quatro oportunidades. “Aldeia após aldeia encontramos uma população civil aterrorizada pela força aérea de seu próprio país”, contou Ole Solvang, investigador de emergências da HRW. “Esses ataques aéreos ilegais mataram e feriram muitos civis, causando destruição, medo e deslocamentos”, ressaltou.

Citando testemunhos de uma rede de ativistas, a HRW disse que “os bombardeios aéreos mataram mais de 4.300 civis em toda a Síria desde julho de 2012”. O informe detalha o uso de bombas de grande capacidade explosiva, que às vezes destruíam completamente várias casas em um único ataque.

Um morador da localidade de Azaz (norte) disse à HRW que pelo menos 12 membros de sua família morreram quando sua casa foi bombardeada no dia 15 de agosto do ano passado. “Enterrei meus 12 familiares, incluindo meu pai, minha mãe e minha irmã. Também a mulher do meu irmão”, disse o homem que se identificou como Ahamed. O corpo de “Walid, meu irmão, ficou em pedaços. No começo não o reconhecemos. Também enterramos seus filhos. O mais novo tinha 40 dias de vida”, acrescentou.

Um dos explosivos utilizados nos ataques contra Azaz foi uma poderosa bomba de fragmentação “com capacidade para causar vítimas em um raio de 155 metros”, segundo a HRW. As forças de Assad também usaram mísseis balísticos e armas incendiárias, afirmou a organização. “É importante destacar que esses ataques continuam. No domingo, dia 7, um bombardeio aéreo sobre a cidade de Aleppo matou 17 civis. Na semana passada, uma bomba de fragmentação acabou com a vida de outras 11 pessoas”, detalhou Solvang à agência de notícias AFP.

A HRW exortou a comunidade internacional a intervir para acabar com as violações dos direitos humanos na Síria. “Pedimos aos governos e às companhias que suspendam imediatamente o fornecimento de armas, munições e material bélico em geral para a Síria, diante da evidência convincente de que o governo comete crimes contra a humanidade”, afirmou a organização.

Solvang explicou que os vetos de China e Rússia no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) até agora bloqueiam todas as ações internacionais contra Damasco. Contudo, afirmou que isso não deve impedir que os governos preocupados com a crise “acelerem seus próprios esforços para obrigar o regime sírio a pôr fim a essas violações”. No mês passado, o governo de Assad disse rejeitar “categoricamente” a decisão do Conselho de Direitos Humanos da ONU de prolongar sua investigação sobre a Síria, e acusou esse órgão de estar “viciado e desequilibrado”. Envolverde/IPS

* Publicado sob acordo com a Al Jazeera.