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ONU aproveita redes sociais

Transmitir mensagens às populações locais, especialmente nos países em desenvolvimento, é fundamental para mobilizar apoio para o trabalho da ONU. Foto: Isaiah Esipisu/IPS

Nações Unidas, 6/5/2013 – O mundo continua se tornando digital e, sem pressa mas sem pausa, a Organização das Nações Unidas também. A ONU aproveita cada vez mais as ferramentas que as redes sociais proporcionam, como Facebook, YouTube, Twitter e Flickr, bem como outras inovadoras tecnologias da comunicação, para chegar a mais pessoas em todo o mundo, declarou seu secretário-geral, Ban Ki-moon.

Em um informe ao Comitê da ONU sobre Informação, que encerrou suas sessões no dia 3, Ban afirmou que os esforços para fazer uso dos meios sociais “deram resultados impactantes em termos de chegar a novas audiências em todo o mundo”. O site dedicado a visitantes da ONU, lançado em 2010, recebeu quase 350 mil páginas vistas até o dia 3, enquanto sua conta no Facebook aumentou para cerca de 5.800 seguidores, sendo que no Google Plus alcançou aproximadamente 700 mil.

E, na medida em que a ONU reduz drasticamente seus informes e documentos impressos, preferindo versões eletrônicas, também aumenta o volume de documentos digitalizados. Atualmente, o arquivo das Nações Unidas tem 3,7 milhões de documentos, a maioria esperando para ser passado para o formato digital. A agenda principal da ONU se centra em três temas principais: paz e segurança, desenvolvimento e direitos humanos, interligados com o empoderamento de gênero, antiterrorismo e desenvolvimento sustentável, entre outros.

Peter Launsky-Tieffenthal, secretário-geral adjunto de Comunicações e Informação Pública, disse que as bibliotecas da ONU em Nova York e Genebra processaram cerca de 340 mil documentos, que representam 3,5 milhões de páginas. “O calendário para completar a tarefa, utilizando os recursos e métodos atuais, seria de aproximadamente 20 anos”, afirmou.

Ao mesmo tempo, a ONU tem 13 milhões adicionais de documentos oficiais, principalmente informes de antecedentes e documentos de trabalho, que também aguardam digitalização. “Isso poderia consumir outros 60 anos”, segundo o Comitê. De todo modo, os tradicionais ainda são os principais meios de comunicação, especialmente nos países em desenvolvimento, onde a cobertura da internet é escassa.

Diante da pergunta sobre se a ONU está no caminho correto em matéria de aproveitamento das redes sociais contra os meios tradicionais, a nova presidente do Comitê sobre Informação, embaixadora Lyutha Sultan Al-Mughairy, de Omã, respondeu à IPS: “Creio que sim, mas não quero sugerir que os meios sociais estejam contra os meios tradicionais”. E acrescentou que “precisamos de todas as formas de meios para comunicar, no contexto de quem é nossa audiência e com qual forma de comunicação cada audiência se sente cômoda”.

Segundo Al-Mughairy, na sessão que acaba de concluir, o Comitê sobre Informação propôs que a Assembleia Geral, de 193 membros, peça ao secretário-geral que se reporte a ela em sua próxima sessão, “a respeito da estrutura da presença da Organização nas redes sociais e sua estratégia e pautas para seu uso”. “Acreditamos que esta informação será importante para avaliar qual caminho trilhar e qual é a melhor maneira de aproveitar o poder dos meios sociais”, explicou, ressaltando que deve ser abordada uma série de desafios e cobertas novas audiências, “em um clima orçamentário que piora”, fazendo com que mais recursos diminuam cada vez mais rapidamente.

Atualmente, há 63 Centros de Informação da ONU (Unic) que chegam ao público em geral. Sobre a importância dos Unic no contexto da atual campanha de austeridade para eliminar alguns ou a maioria desses custos, Al-Mughairy explicou à IPS que o Comitê enfatiza a importância dos mesmos para potencializar a imagem pública das Nações Unidas. E também para divulgar mensagens às populações locais, especialmente em países em desenvolvimento, pois a informação em idiomas locais tem maior impacto sobre essas populações, e para mobilizar apoio para o trabalho da ONU no âmbito local.

De acordo com Al-Mughairy, seu Comitê também enfatiza a importância de racionalizar a rede dos Unic e, neste sentido, pediu ao secretário-geral que continue apresentando propostas, o que inclui voltar a liberar recursos onde for necessário. O Departamento garantiu ao comitê que as necessidades de comunicação e informação pública não serão afetadas por nenhuma reforma dos Unic ou de suas funções.

Al-Mughairy propôs que o Comitê também veja com bons olhos o apoio de alguns Estados-membros, incluídos países em desenvolvimento, na oferta, entre outras coisas, de locais isentos do pagamento de aluguel para os Unic, considerando que esse apoio não deveria substituir a destinação total de recursos financeiros para os centros de informação no contexto do orçamento de programas da ONU.

O informe do secretário-geral também diz que, até o final de 2012, mais de 850 instituições de educação superior e centros de pesquisa em todo o mundo se integraram ao Impacto Acadêmico, descrito como uma iniciativa universitária mundial lançada em 2010 para alinhar essas instituições com a ONU. Envolverde/IPS