Brasil perde uma posição em índice de renováveis
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Ranking da Ernst & Young classificou país como 10º mais atrativo para energia eólica, solar, geotérmica e de biomassa, mas o Brasil perdeu uma posição desde última versão do documento; China foi a melhor colocada na classificação
Apesar de ainda estar entre as dez nações mais atrativas para as energias renováveis, os números indicam que os investimentos do Brasil no setor não foram tão positivos neste último ano, já que o país caiu uma posição no último índice da Ernst & Young de Atratividade dos Países em Energias Renováveis.
Segundo o relatório, o país fez 50,5 pontos de uma escala de 0 a 100, sendo que as melhores opções de renováveis foram: a biomassa, com 54 pontos; a eólica, com 52 pontos; a solar, com 48; e a geotérmica, com 24 pontos.
O documento destaca que o Brasil foi um dos primeiros mercados emergentes a focar sua estratégia energética nacional em renováveis, e que nos próximos cinco anos espera-se ver ainda mais mudanças nos fatores de crescimento dos países que estão mostrando compromisso com as energias limpas.
Além disso, o texto sugere que o Brasil vê sua estratégia de energias renováveis como uma forma eficiente de estimular o crescimento econômico e reduzir as emissões de carbono, e que a estratégia de renováveis do país também pode ser considerada um modelo para outras nações devido ao seu sucesso em reduzir os requisitos para os investimentos públicos e atrair com sucesso investimentos do setor privado.
O relatório afirma também que, no Brasil, o financiamento para projetos renováveis é feito ‘sob medida’ devido às características especificas de cada um.
“Cada usina de energia, de biocombustível ou projeto de energia eólica é totalmente único devido à natureza local do recurso e da integração com a infraestrutura existente no Brasil. Dentro do cenário de tecnologias limpas, há muitas oportunidades locais – mas cada uma com um conjunto distinto de desafios e formas diferentes de crescer”, disse Daniel Maranhão, líder de tecnologia limpa da Ernst & Young no Brasil.
Etanol
De acordo com o documento, os mercados de etanol no Brasil sofreram quase dois anos com a redução da demanda e pouca margem de lucro. Desde janeiro de 2012, as usinas do Centro-Sul estão produzindo etanol a uma média de US$ 0,67 por litro, enquanto a média dos preços dos fornecedores também ficou nesse preço.
Os custos da produção do etanol aumentaram 60% desde 2009, levados por preços mais altos das matérias-primas, assim como pela inflação. Desde a colheita de 2011-12, as usinas estão funcionando a 85% da capacidade de cana-de-açúcar, aumentando o impacto dos custos fixos em cerca de US$ 0,04 por litro.
Como resultado, o álcool perdeu competitividade para a gasolina nas bombas, já que a demanda nacional pelo etanol diminuiu devido aos preços mais atraentes da gasolina. De janeiro a junho de 2012, 4,6 bilhões de litros de etanol foram vendidos no Brasil, dos 5,5 bilhões de litros em relação a 2011.
O investimento na indústria da cana-de-açúcar atingiu baixas históricas em 2012, e exceto por uma pequena transação entre a BP e a Bunge e uma aquisição de US$ 129 milhões pela Olam no segundo trimestre, o mercado não esteve muito movimentado. Apesar disso, as estimativas do relatório são positivas, e preveem margens de lucro maiores para os produtores e uma demanda mais alta do etanol.
Com relação à energia solar, o relatório aponta que o Brasil está procurando fornecer incentivos para o crescimento da indústria, principalmente com a criação de um programa em rede que permitirá que os produtores solares obtenham créditos para venda de energia à rede. O governo, no entanto, não prevê a inclusão em curto prazo da energia solar nos leilões públicos.
Já em se tratando de energia eólica, o documento diz que o Brasil está se focando no desenvolvimento de um mercado específico e na atração de investimento privado, o que está levando a preços cada vez mais competitivos nos leilões.
Cenário mundial
No cenário mundial, a China continua sendo o país mais atrativo para as energias renováveis, tendo feito 69,6 pontos na escala de 0 a 100. A produção eólica foi apontada como a mais atraente para os negócios chineses entre as opções avaliadas, ficando com nota 76.
O segundo lugar ficou com a Alemanha, que marcou 65,6 pontos e pela primeira vez neste ano ficou à frente dos Estados Unidos no quesito atratividade para investimentos em renováveis. Os EUA estão agora na terceira posição, tendo marcado 64,5 pontos, sendo que a produção solar norte-americana, que ficou com 70 pontos, foi considerada a melhor opção para investimentos.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.





