6 tendências na agenda da água tratada para 2026
Em 2026, o acesso à água potável seguirá como um dos grandes desafios da capacidade do Brasil para cumprir suas promessas de desenvolvimento sustentável. Apesar de avanços desde o Novo Marco Legal do Saneamento em 2020, legislação que atualizou as regras para o setor, com o objetivo de universalizar o saneamento básico no Brasil até 2033, garantindo 99% de acesso à água potável, o país ainda convive com um cenário desigual: milhões de brasileiros seguem sem água tratada.

Segundo um levantamento recente do Instituto Trata Brasil, dos 5.570 municípios brasileiros, 5.079 têm acesso à água tratada (91,2% do total). Isso significa que a parcela fora desse contingente e sem acesso pleno ao serviço ainda representa um desafio relevante: considerando a estimativa de 207.767 milhões de brasileiros, cerca de 40.208 milhões de pessoas vivem sem acesso à água tratada, um número que ajuda a dimensionar o tamanho da lacuna a ser enfrentada para a universalização do serviço, já que é o correspondente à toda população do Canadá, na América do Norte.
Nesse contexto, a combinação entre políticas públicas, regulação eficiente e inovação tecnológica ganhará ainda mais protagonismo no próximo ano, especialmente para acelerar resultados em territórios onde a infraestrutura tradicional não chega ou avança com lentidão. A startup brasileira PWTech, que desenvolve soluções no tratamento de água, aponta as 6 principais tendências na agenda do tratamento de água:
01) Saneamento rural
O saneamento rural é aquele que envolve o conjunto de soluções de abastecimento de água, tratamento e destinação adequada de esgoto e gestão de resíduos em comunidades fora das redes urbanas, como áreas rurais dispersas, assentamentos, comunidades tradicionais, localidades remotas e isoladas. Os principais desafios para o fornecimento de saneamento rural incluem a distância entre moradias, baixa densidade populacional, maior custo por ligação, dificuldades logísticas de manutenção e, muitas vezes, limitações de capacidade técnica e financiamento local. Para 2026, o movimento para oferta de soluções estruturais e escaláveis (para além das ações emergenciais, de distribuição eventual de água ou as intervenções isoladas) irá crescer, dando força para os modelos sustentáveis, com operação simples, manutenção viável e gestão local. Nesse cenário, tecnologias modulares e descentralizadas, combinadas a arranjos de gestão e parcerias (público-privadas e com organizações locais), tendem a ganhar espaço por entregarem continuidade, qualidade e previsibilidade, alcançando territórios em que as concessionárias não chegam.
02) Adaptação climática e resiliência hídrica
A pauta de resiliência climática, que ganhou destaque nas discussões da COP 30, fomentou o debate sobre a importância de se conectar diretamente o saneamento e o acesso à água nas pautas de adaptação e resiliência climática. Cada vez mais, eventos extremos como secas severas, chuvas intensas, enchentes e contaminação de mananciais, impactam diretamente os sistemas de abastecimento e no aumento da incidência de doenças transmitidas pela água. Em 2026, a tendência é que projetos e investimentos passem a considerar com mais força a “segurança hídrica” como infraestrutura crítica, levando à diversificação de fontes, planos de contingência, capacidade de resposta rápida e soluções que funcionem mesmo quando a rede convencional falha.
03) Redução do desperdício
Investir na redução de desperdícios se torna cada vez mais decisivo para atender a demanda por água tratada sem ampliar a pressão sobre rios e mananciais. Ainda segundo o Instituto Trata Brasil, a estimativa é que o volume perdido em 2023 (7,257 bilhões de m³) seria, sozinho, mais do que suficiente para cobrir o crescimento projetado da demanda por água tratada nos próximos anos (6,414 bilhões de m³), evitando a necessidade de captar água adicional. Para o próximo ano, a tendência é que a criação e implantação de soluções que diminuam as perdas ganhem ainda mais força.
04) Infraestruturas verdes
Para o próximo ano, a infraestrutura verde, como a recuperação de matas ciliares, nascentes e áreas úmidas, terá mais espaço como estratégia complementar ao saneamento, pois impacta na quantidade e na qualidade da água na origem, reduzindo assoreamento e a carga de sedimentos, o que encarece o tratamento de água.
05) Internacionalização de soluções
À medida que o mundo traça metas na universalização do acesso à água tratada e saneamento, cresce também a demanda por soluções que sejam portáteis, eficientes, de rápida implementação e que demandem uma estrutura menos robusta, especialmente em regiões com baixa cobertura de infraestrutura, como em emergências climáticas ou crises humanitárias. Assim, 2026 tende a consolidar a internacionalização de soluções, com a importação e exportação de tecnologias e modelos operacionais entre diferentes países e contextos, ampliando impacto e escala. O Brasil tem potencial para, além de expandir seus caminhos comerciais, fortalecer sua reputação como agente de inovação aplicada ao direito humano à água, estimulando padrões de qualidade, certificações e parcerias globais que ajudam a acelerar a evolução tecnológica e a adoção em larga escala.
06) Água tratada nas escolas brasileiras
Com a sanção recente de leis voltadas ao acesso à água potável e à infraestrutura sanitária como direito fundamental de estudantes em escolas públicas brasileiras, a expectativa é que o tema ganhe ainda mais força em 2026. O impacto esperado é que água segura para o consumo disponibilizada nas escolas melhore a saúde, aumente a frequência dos alunos e aprimore o aprendizado dos alunos, além de reduzir desigualdades e criar uma cultura de cuidado com recursos hídricos dentro das mais diversas comunidades.
Solução 100% brasileira
Fundada em 2019, a PWTech é um exemplo de startup brasileira que nasceu com o propósito declarado de contribuir para mudar o cenário da falta de água tratada não só no Brasil, mas também no mundo. Certificada por órgãos governamentais, atendendo aos parâmetros para água potável da Portaria GM/MS nº 888, de 04 de maio de 2021, a empresa atua há 6 anos no com foco em regiões remotas e vulneráveis. Os equipamentos de tratamento modulares e portáteis desenvolvidos pela PWTEch pesam menos de 20 quilos e são capazes de tratar até 10 mil litros de água por dia, operando a partir de diferentes fontes de energia, como rede elétrica, baterias e painéis solares, e com tecnologia 100% brasileira para o tratamento de água.
SOBRE A PWTech
Fundada em 2019 pelos engenheiros Fernando Marcos Silva e Maria Helena Azevedo, a PWTech produz sistemas de purificação de água portáteis, de baixo custo, fácil uso e operação. O equipamento transforma água contaminada em água tratada, com capacidade para até 10 mil litros por dia. A solução da PWTech é ferramenta da ONU em projetos de ajuda humanitária, já tendo sido enviada a mais de 30 países, em diferentes iniciativas. No Brasil, a empresa é considerada Empresa Estratégica de Defesa e também atua junto a iniciativas de educação e saúde, além de empresas dos ramos da construção, siderurgia e agronegócio.
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