O governador Geraldo Alckmin lançou neste Dia do Professor um plano para a melhoria da educação que, inegavelmente, tem pontos positivos –a começar do fato de que foi construído junto com as mais importantes entidades educativas do Brasil e por uma renomada empresa de consultoria (bancada com dinheiro privado).
Interessante estabelecer um foco nas escolas com pior desempenho e, ali, desenvolver todo um projeto de apoio, com mais recursos não só para a reformas mas aulas de reforço e treinamento de professores. Reforços permanentes são uma das razões que explicam o sucesso educacional dos países.
Também gosto da ideia e ampliar escolas de tempo integral, garantindo recursos para o professor ser fixo, desobrigando-o de ficar pulando de galho em galho. É mais um fator que, segundo as pesquisas, tem impacto forte na aprendizagem.
Difícil discordar da ideia de criar mecanismos de aproximar a família e a comunidade da escola.
A ideia ambiciosa é colocar a educação paulista entre as 25 melhores do mundo –o que é compatível com a estatura e a complexidade econômica de São Paulo.
Impossível, porém, não ficar desconfiado. Primeiro pela conhecida distância entre o que os governos se propõem em educação e o que pretendem realizar.
Segundo porque o PSDB, pelo menos até aqui, não tem uma política educacional –são várias, cada qual mudando ao sabor do novo secretário. E dependendo do ambiente eleitoral.
Terceiro porque desconfio da capacidade dos governos, por questões eleitorais, de assegurarem o mérito dos professores, esbarrando nas pressões sindicais.
De qualquer forma, o que o governo está anunciando é quase um consenso entre educadores sobre o que melhora a aprendizagem. Vamos ver como será implementado.
* Gilberto Dimenstein é colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo, comentarista da rádio CBN, e fundador da Associação Cidade Escola Aprendiz.
** Publicado originalmente no Portal Aprendiz.