A estrada menos trilhada

O uso de carros está atingindo o nível máximo no mundo rico. Os governos deveriam se aproveitar disso. Não é possível conceber a vida moderna sem o carro.

Atualizado em 26/09/2012 às 10:09, por Ana Maria.

O uso de carros continua a subir em termos globais. Foto: Reprodução/Alamy

O uso de carros está atingindo o nível máximo no mundo rico. Os governos deveriam se aproveitar disso.

Não é possível conceber a vida moderna sem o carro. Medido em termos globais, o nível do uso de carros continua a subir, uma vez que os habitantes dos países emergentes desejam o status e a mobilidade oferecida pelos automóveis. No mundo rico, no entanto, o elo entre o aumento da renda e o uso de carros foi rompido e a taxa de quilômetros rodados por habitante vem caindo. Isso se deve em parte à recessão e aos altos preços do petróleo, mas essa tendência já se manifestava antes de 2007.

Outros fatores de longo prazo estão em ação. Um destes é geracional: o contingente de proprietários de carros está atingindo a saturação. O grupo de pessoas que está se aposentando agora é o primeiro para o qual dirigir carros foi lugar comum, de modo que a nova geração de proprietários de carros substituirá a anterior, isto é, o total de pessoas que possuem carro não aumentará. Ademais, os jovens não vivem mais um caso de amor com os carros. Por todo o mundo desenvolvido, eles estão tirando suas habilitações mais tarde e usando outras formas de transporte mais do que os jovens da geração anterior.

Ainda que seja difícil detectar essa tendência nos subúrbios americanos, é possível que o uso de carros tenha atingido um pico no mundo rico como um todo. Trata-se de uma coisa boa? Não totalmente: os governos, por exemplo, perderão receita tributária de impostos sobre combustíveis e carros. Contudo, esse fato é uma benção sob outras perspectivas. A diminuição do uso de carros permitirá que  países importadores de petróleo se tornem menos dependentes de governos voláteis. Tal fato também pode vir a reduzir a poluição. As cidades poderiam se tornar lugares agradáveis para viver. E, uma vez que a obesidade está vinculado ao uso de carros, mais pessoas passarão a caminhar e pedalar, e pessoas menos sedentárias são menos deprimidas e mais produtivas (pelo menos é isso que dizem).

* Publicado originalmente na revista The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.


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