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A Foto Natural da família Zuppani

Pai e filhos contam como a fotografia da natureza pode contribuir para a preservação ambiental e incentivar uma mudança de estilo de vida

Imagens publicadas em revistas e sites nacionais e internacionais, em publicações do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama, de ONGs e de empresas. O banco de imagens da família Zuppani já ganhou o mundo. Foto Natural é mais que um site, é um projeto de vida desses profissionais.

Du Zuppani, pai da história, Palê Zuppani, filho mais velho e Zé Zuppani, o caçula. Os três têm formações distintas, mas foi na fotografia da natureza que eles encontraram um novo estilo de vida. Du é arquiteto, Palê se formou em relações internacionais e Zé deixou de lado um curso de engenharia florestal para se dedicar de corpo e alma à arte. Hoje podem dizer que vivem das fotos. Exposições, cursos, expedições fotográficas. Ideias não faltam. Nem projetos.

Eles moram em Bertioga (SP), e já viajaram para diversas cidades e países. Muitas fotos saem do quintal de casa, da praia bem perto e da cidade de São Paulo, que tem despertado olhares diversos desses fotógrafos. E eles vão longe: comunidades tradicionais, paisagens rurais, florestas preservadas, Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal, Cerrado são lugares que já receberam os cliques deles.

Confira a entrevista.

 

O que significa fotografar a natureza?

Du: Minha ligação com a natureza sempre foi grande e retratá-la significa uma maneira de eternizar as emoções que ela causa em mim.

Palê: Mostrar o mundo pela minha maneira de enxergá-lo. Vejo a natureza como o todo, o homem e seu meio, do selvagem ao folclórico. Contar uma história no meio desse todo é a grande “piração”. E dessa observação, tento me entender e compreender um pouco mais o mundo.

Zé: Fotografar a natureza é estar como observador esperando e buscando uma foto que o mundo e a vida proporcionam naturalmente, sem que eu tenha que criar uma cena. Extrapola a ideia de fotografar apenas plantas e bichos. Fotografia de natureza para mim é tudo que está acontecendo agora. Incluindo o hábitat humano.

Qual o impacto dessa arte no estilo de vida de vocês?

Du: Marcante. Com ela meu espírito aventureiro foi despertado e passei a traduzir em fotos cenas que me causavam emoções. Na medida em que meu trabalho foi sendo aceito, a foto passou a fazer parte dos planejamentos de novos rumos para a família toda.

Palê: Muito grande. Saber que estou fazendo uma diferença por meio da sensibilização das pessoas pela arte da fotografia me faz muito feliz. E isso, somado ao fato de ter mais liberdade para trabalhar, ajuda muito a viver tranquilo, sem estresse, de uma forma mais harmônica com meu tempo. Isto não quer dizer que trabalho pouco, muito pelo contrário, mas temos a flexibilidade de estar fazendo algo para nós mesmos.

Zé: Acredito que a fotografia sempre anda comigo, não importa onde eu esteja. E nem mesmo importa se tenho uma máquina na mão. Ela influencia tudo o que faço, até ver televisão fica diferente. Larguei o curso de engenharia florestal assim que senti que o que queria fazer todos os dias da minha vida era arte. No momento da decisão, eu só pensava em música, mas eu já era um fotógrafo profissional. Fiz questão de largar qualquer outro tipo de atividade que não fosse artística. Percebi que a mudança tinha que ser de verdade. Eu estava seguindo caminhos e um estilo de vida tão longe da minha natureza que foi necessário eu ficar extremamente doente por alguns anos de minha vida para aprender como viver meu sonho.

As pessoas podem se sensibilizar com fotos da natureza e passar a atuar no sentido de preservarem os recursos naturais?

Du: A nossa foto da natureza estimula as pessoas a preservarem aquilo que ainda existe. Ao invés de tentar causar emoções sobre degradação, tentamos criar um sentimento de ser protagonista de ações positivas para o planeta. Sempre que as pessoas participam de um curso de percepção do olhar na fotografia ambiental, saem com vontade de ver diferente e o resultado é fantástico. As pessoas assumem a postura da preservação.

Palê: Mostrar minha visão por meio das fotos também é mostrar a minha crítica ao mundo, e acredito que sempre podemos mudar algumas ideias nossas e de quem está ao nosso lado. Para preservar a natureza é preciso conhecê-la. Quanto mais conheço, mais respeito e quero preservá-la. Um exemplo disso são os caçadores de onças do Pantanal. Muitos desses caçadores deixam de caçar para virar guia de expedição fotográfica.

Zé: As fotos comerciais como ferramentas de trabalho, na minha opinião, mantêm a pessoa na mesma falta de consciência. Porém, se falarmos aqui em fotografia artística, acho que é possível mudar algo. Mesmo sendo óbvio, acredito que a maior contribuição da fotografia para a conscientização de uma pessoa é mostrar um olhar novo. É mostrar algo novo, não para os olhos. A pessoa vai ter um olhar novo sobre ela mesma quando se sensibilizar por uma foto. Como exemplo, tenho uma foto de abelhas jataí que, em minha opinião, parecem um astronauta caindo do céu. É uma das fotos minhas de mais sucesso. As pessoas são pescadas pela plasticidade da foto. Porém, depois de sensibilizadas, querem saber o que é aquilo. E dessa maneira muita gente descobriu que a abelha jataí é brasileira e que nenhuma abelha brasileira tem ferrão. E descobriu que a abelha mais comum veio de fora do país.

Para conhecer o trabalho da família Zuppani acesse o site Foto Natural.