À procura do próximo Google

É possível ensinar o espírito empreendedor? Empresas muito bem sucedidas que começaram em garagens – Amazon, Apple ou Google – são reverenciadas no Ocidente.

Atualizado em 10/10/2012 às 14:10, por Ana Maria.

É possível ensinar o espírito empreendedor?

Empresas muito bem sucedidas que começaram em garagens – Amazon, Apple ou Google – são reverenciadas no Ocidente. Os países em desenvolvimento podem se gabar de um ou dois exemplos próprios: a Tata da Índia e a Samsung da Coreia do Sul começaram como pequenas empresas; o Chaoen Pokphand Group da Tailândia, uma empresa de agronegócio, começou como uma loja de sementes. Mas tais casos se tratam de exceções. Dentre as milhões de pequenas empresas de países pobres, quase nenhuma cresce e se torna grande e forte. O novo Relatório de Desenvolvimento Mundial do Banco Mundial investiga o que pode ser feito para ajudar novas empresas em países pobres a se tornarem o próximo Google.

Muhammad Yunus, o fundador do Banco Grameen de Blangladesh, que atua no ramo de microcrédito, descreve os pobres como “empreendedores natos”. Caso isso seja verdade, não está claro o que acontece com eles. Nos EUA, se uma empresa consegue durar 35 anos, ela se torna em média dez vezes mais produtiva e emprega um número de pessoas 10 vezes maior. No caso de uma empresa indiana, uma duração igual implica uma produtividade apenas duas vezes maior e uma redução de pessoal. A pesquisa do Banco Mundial incluiu 54.000 empresas de 102 países em desenvolvimento verificou que grandes empresas (aquelas com mais de 100 funcionários) têm uma produtividade maior e salários mais altos, uma probabilidade maior de exportar e são mais inovadoras que pequenas empresas (aquelas com menos de 20 funcionários). Grandes empresas têm uma probabilidade maior de criar um novo produto, incorporar novas tecnologia ou aprimorar uma linha de produção. Empresas pequenas tendem a permanecerem pequenas.

O resultado disso tudo é um pessimismo crescente acerca do que Abhijit Banerjee e Esther Duflo do MIT chamam de “empreendedores relutantes” – pessoas pobres que administram as suas próprias empresas apenas porque não conseguem encontrar um emprego. “Estamos nos iludindo se achamos que podemos construir um caminho para uma saída maciça da pobreza”, escreveram no ano passado em um livro chamado “Poor Economics”.

A pergunta é o que pode ser feito para melhorar as coisas. Obviamente uma boa infraestrutura e um clima de investimentos receptivo. Os governos já tentaram fornecer empréstimos baratos ou incentivos para o pagamento de um funcionário extra.  Isso não teve efeito algum, bem como a concessão de incentivos especiais para proprietárias de negócios, como aconteceu em Gana. Contudo, o oferecimento gratuito de treinamento empresarial contribuiu. O problema é que a maior parte das empresas não vê razão para o treinamento: apenas 3% das pequenas empresas brasileiras afirmaram que a falta de conhecimento administrativo era um problema.

* Publicado originalmente na The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.


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