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AIEA informa progressos em conversa com o Irã

Doha, Catar, 24/5/2012 – O chefe da agência de controle nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que espera assinar um acordo com o Irã em breve, para investigar supostas atividades com armas dentro do programa de desenvolvimento nuclear desse país. O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, também informou que o chefe negociador iraniano, Saeed Khalili, assegurou que “as diferenças existentes não seriam obstáculos para o acordo”.

A AIEA quer ter acesso a locais, documentos e funcionários para constatar se as atividades no Irã poderiam ter como finalidade a fabricação de armas atômicas, sobretudo no complexo militar de Parchin, a sudeste de Teerã. Amano afirmou que a questão do acesso a Parchin “será abordada” no acordo. O governo iraniano insiste que esse não é um lugar de desenvolvimento nuclear, e, portanto, não tem obrigação de permitir inspeções da AIEA. Teerã também rechaça as acusações do Ocidente de que está eliminando evidências nesse local.

Alguns diplomatas ocidentais expressaram seu descontentamento com o resultado das últimas negociações de Amano com o Irã. Um deles disse à agência de notícias AFP que “não houve avanços” na visita do chefe da AIEA a esse país. Outro afirmou que o resultado da viagem é decepcionante, mas acrescentou que ainda espera ter “um cenário mais claro”, quando acontecerem as reuniões da agência, amanhã, em Viena. Israel, que, como os Estados Unidos, não descarta realizar ataques aéreos para deter o plano nuclear de Teerã no caso de fracassar a diplomacia, afirmou que está “muito cético” sobre o acordo entre a AIEA e o governo iraniano.

Amano se reuniu com o diretor da organização de energia atômica iraniana, Fereydoun Abbasi-Davani, horas após chegar a Teerã, no dia 21, de acordo com a agência de notícias Isna. Depois das conversações, o escritório da Fereydoun divulgou um comunicado indicando que os temas foram tratados de “maneira franca” e que “foram apresentadas propostas para eliminar as ambiguidades e desenvolver a cooperação”, informou a agência AFP.

O diretor da AIE também se encontrou com o chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi, como preparação para um encontro sobre o tema realizado ontem em Bagdá. Em Teerã, o principal objetivo das potências ocidentais será conseguir que o Irã detenha seu programa de enriquecimento de urânio iniciado há dois anos, o que frearia suas supostas aspirações de fabricar armas de destruição em massa. O Irã assegura que precisa do urânio enriquecido para fazer funcionar um reator dedicado à pesquisa médica.

Duas reuniões entre o Irã e assessores de Amano, realizadas na capital iraniana em janeiro e fevereiro, não tiveram grandes progressos. O acordo em questão não seria suficiente para acalmar a preocupação ocidental. As potências querem que os iranianos parem por completo suas atividades de enriquecimento de urânio, enquanto esse país insiste que só o faz para fins civis. Ao contrário de Israel, que teria o único arsenal atômico do Oriente Médio, o Irã é signatário de tratados que o obrigam a colaborar com a AIEA. Envolverde/IPS