A resposta a essa pergunta é: há um grande risco.
Como noticia a Folha, o governador Alckmin quer aumentar o risco do aluno que não aprende repetir o ano, fazendo mais uma prova na sétima série. Mas não é mesmo o que tem que ser? O aluno não aprende, não passa.
Isso para mim é ignorância, da qual a maior vítima é o aluno.
Uma ignorância repetida demagogicamente nas campanhas eleitorais, defendida pelo PT e, agora, aceita pelo PSDB, para agradar pais e professores. Significa que estão mais de olho nas urnas do que nos alunos.
A maior parte do problema de aprendizagem não é do aluno. Ele é vítima de classes superlotadas, currículo desinteressante, professores desmotivados e despreparados. Na maioria das vezes, o aluno vem de famílias desestruturadas e com baixo repertório cultural. Não recebe assistência médica ou psicológica.
Para piorar, são poucos os sistemas de recuperação para quem não consegue aprender. É algo que deveria ser feito todos os dias para evitar uma bola de neve.
A classe fica, portanto, um inferno; os professores têm razão de reclamar, afinal muitos alunos não conseguem acompanhar as aulas. Nem sabem ler direito.
Mas o caminho mais fácil vira punir a vítima, com aplausos dos pais e professores, em meio a alguns educadores ignorantes e atrasados.
O resultado é visto em pesquisas: repetência afeta ainda mais a autoestima e aumenta a evasão escolar, colocando crianças e adolescentes mais próximos da rua. É um problema a menos em sala de aula. Um problema a mais para a sociedade.
* Gilberto Dimenstein é colunista e membro do Conselho Editorial da Folha de S.Paulo, comentarista da rádio CBN, e fundador da Associação Cidade Escola Aprendiz.
** Publicado originalmente no Portal Aprendiz.