A sustentação da ascendência no valor dos créditos, como ocorrido durante o primeiro semestre de 2011, definitivamente não terá continuidade tão cedo após os eventos das últimas semanas.
As expectativas de preço da Barclays Capital foram cortadas devido ao adiamento das atividades de hedging por parte das usinas de energia, maior oferta de RCEs e ampliação da distribuição de EUAs antecipadas da terceira fase do esquema europeu de comércio de emissões em 2011 e 2012.
A previsão de preços das EUAs caiu 22% para o segundo semestre de 2011 (de € 18,5 para € 14,5), 29% para 2012 (de € 24 para € 17), 23% para 2013 (de € 30 para € 23) e 25% para a terceira fase do EU ETS (de € 40 para € 30), levando em conta que existem muitos riscos nebulosos nestas estimativas.
Segundo a Thomson Reuters Point Carbon, os preços das EUAs para a terceira fase do EU ETS devem ser €22/t. O valor, abaixo dos €30/t que foram previstos em outubro de 2010, se deve principalmente ao uso de energias renováveis, que aumentou de forma mais intensa e rápida do que o esperado.
Outro fator que contribuiu muito para a redução das estimativas a longo prazo é o ganho em termos de eficiência energética determinados pela nova legislação que está sendo discutida na Europa, que reduz a quantidade de emissões e a demanda por créditos de carbono, além de estender a data na qual o limite de importação de RCEs precisará ser extinto.
Da mesma forma que as EUAs, a revisão dos preços das RCEs cortou 21% dos valores para o segundo semestre de 2011 (de € 14 para € 11), 25% para 2012 (de € 16 para € 12), 29% para 2013 (de € 24 para € 17).
As estimativas para o período pós 2012 continuam as mesmas, sendo que deve haver uma fase (2013-2016) em que a oferta de RCEs é reduzida devido a remoção dos créditos de gases industriais e uma segunda fase (2017-2020) em que haverá uma oferta demasiada de RCEs ao passo que o limite de importação destes créditos é alcançado.
Nesta última fase, haverá necessidade de buscar outros compradores para as RCEs, como Nova Zelândia ou talvez Austrália, segundo a BarCap.
A emissão de RCEs durante o primeiro semestre de 2011 alcançou 150 milhões de toneladas, um aumento de 163% em relação ao mesmo período de 2010, e com o registro de projetos também em taxas elevadas (alta de 65% em relação ao ano passado), a BarCap aumentou suas expectativas de emissão de RCEs em 3% para o período 2008-2012, de 996 Mt para 1.026 Mt.
A melhoria nestes índices demonstra que as mudanças de procedimento realizadas no ano passado pelo secretariado do MDL agora estão sendo sentidas.
Estabilização
Na última semana os créditos de carbono na Europa se apresentaram estáveis. As EUAs para entrega em dezembro de 2011 estavam sendo negociadas entre € 13-13,50, fechando a sexta-feira em € 13,28, um aumento de 8% em relação à semana anterior.
Os contratos ao longo de toda a curva temporal tiveram seu valor crescente, com as negociações para 2012 aumentando 9,7% e para 2014 subindo 11,34%. Porém, os preços ainda estão cerca de € 4 abaixo do nível de três semanas atrás.
As RCEs para dezembro de 2011 também recuperaram 6%, fechando a sexta-feira em € 10,91/t.
Os ganhos do início da semana passada foram atribuídos pela consultoria Point Carbon ao fortalecimento dos preços no mercado de petróleo em meio à aprovação no parlamento grego de novas medidas de austeridade.
A Grécia realizou mais um leilão na quinta-feira passada, vendendo 1,1 milhões de EUAs à vista por € 12,70/t, arrecadando € 14 milhões para os cofres do país. Após o leilão, o preço das EUAs subiu quase 4% e das RCEs cerca de 2%.
* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.