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Ativistas antecipam ataques de colonos judeus

Jerusalém, Israel, 20/9/2011 – Ativistas na Cisjordânia foram equipes para documentar possíveis ataques de colonos judeus, que estariam sendo armados e treinados por Israel às vésperas da votação na Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o reconhecimento da Palestina como Estado independente.

“Este projeto nasceu devido aos contínuos e frequentes ataques por parte dos colonos nos últimos dias”, disse à IPS o ativista palestino Issa Amor, da organização Jovens contra os Assentamentos, com sede na cidade de Hebrón, na Cisjordânia. “Os colonos têm muitos planos para atacar casas e terras palestinas, e anunciaram que fariam os palestinos sofrerem por pretenderem que a Palestina seja membro pleno da Organização das Nações Unidas”, acrescentou.

Amor explicou que ativistas de diferentes países visitaram os palestinos que vivem perto das colônias judiais nas áreas próximas a Hebrón para aconselhá-los sobre como se livrar de cães, proteger os filhos e onde se esconder em suas casas durante eventuais ataques. “Demos a eles um plano de proteção. Não temos nenhuma arma. Damos o que podemos. Damos câmeras porque pensamos que estas são a testemunha mais confiável e a melhor proteção nestes dias”, afirmou Amor, acrescentando que os ativistas também ficariam com as famílias palestinas em suas casas para protegê-las.

“Os colonos não querem deixar em evidência o quanto são violentos e agressivos, e como o exército e a polícia de Israel não cumprem o mandato que os obriga, segundo o direito internacional, a proteger os palestinos que vivem em áreas controladas pelo país”, acrescentou o ativista.

No final de agosto, meios de comunicação israelenses informaram que os militares estavam armando e treinando colonos na Cisjordânia, com gás lacrimogêneo e granadas de atordoamento, para dispersar eventuais manifestações palestinas após a votação na Assembleia Geral da ONU sobre a iniciativa para reconhecer a Palestina como Estado soberano, prevista para o final desta semana.

No dia 18, conselhos de colonos em toda Cisjordânia acordaram marchar rumo ao Comando de Ligação e Coordenação de Distrito do exército israelense, bem como para as principais cidades da Autoridade Nacional Palestina, para protestar contra a iniciativa levada à ONU. As chamadas “marchas de soberania” começam hoje. Estima-se que cerca de 500 mil colonos judeus vivem em assentamentos ilegais na Cisjordânia e em Jerusalém oriental, entre uma população palestina de aproximadamente 2,5 milhões de pessoas.

Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocah), nos territórios ocupados, a violência dos colonos judeus na Cisjordânia está aumentando e contribui para o deslocamento de muitas comunidades palestinas. No dia 9 informou que colonos incendiaram uma tenda residencial na comunidade agrícola de Susiya, na área de colinas de Hebrón Sul, ferindo um palestino e forçando o deslocamento de uma família de 12 membros, entre eles sete crianças.

A Ocah também informou que, entre os dias 7 e 13, colonos feriram sete palestinos em três incidentes separados, e também foram registrados 16 casos em que veículos e árvores palestinas foram destruídos. Desde o começo deste ano, estima-se que os colonos cortaram, arrancaram ou incendiaram pelo menos 6.680 árvores localizadas em comunidades palestinas.

Em resposta a esta onda de violência, comitês populares em toda Cisjordânia lançaram ontem uma campanha para documentar estes ataques. A campanha foi lançada contra a “crescente violência dos colonos e a proteção que recebem do exército israelense. Estão acima da lei e empregam armas dadas pelos soldados israelenses para nos atacar. Nos negamos a ficar em silêncio”, disse Mohammad Khatib, do comitê popular da aldeia de Bil’in.

A campanha, denominada “Negando-se a Morrer em Silêncio”, inclui uma caravana com vários veículos (ocupados por voluntários palestinos, israelenses e de outros países, em contato com uma sala de controle em Ramalá) que patrulhará a Cisjordânia, documentando ataques e tentando prevenir qualquer ato de violência.

“A ideia é sermos um grupo de voluntários com câmeras, tentando proteger os palestinos. Se isto não prevenir os colonos, protegeremos nosso povo com nossos corpos, sem usar nenhum tipo de violência contra ninguém. Se quiserem usar a violência, podem usar. Mas nós os deteremos de uma forma não violenta”, afirmou Khatib à IPS

Este ativista disse que as afirmações de Israel de que a população da Cisjordânia se manifestaria de forma violenta em apoio à criação do Estado palestino são totalmente falsas e constituem, simplesmente, uma desculpa para aprovar os ataques dos colonos judeus. “Estão usando esta ideia de que os palestinos se manifestarão com o objetivo de permitir que os colonos ataquem, e para estimulá-los a fazerem com armas”, ressaltou Khatib. “Querem ameaçar os palestinos utilizando os colonos, e permitem que estes atirem e matem”, acrescentou.

“Esperamos que esta campanha rompa o medo para poder deter os ataques dos colonos, e que também diga a estes que “se seu governo o apoia e seu exército o protege, não ficaremos quietos esperando que nos matem. Nos protegeremos e usaremos a não violência para mostrar o que realmente está acontecendo”, afirmou Khatib. Envolverde/IPS