Doha, Catar, 22/8/2013 – Ativistas sírios acusam o regime de Bashar al Assad de ter lançado um ataque com armas químicas contra subúrbios de Damasco, matando centenas de pessoas. As forças do governo teriam disparado, ontem, “foguetes com ogivas de gás venenoso”. O Observatório Sírio pelos Direitos Humanos, com sede na Grã-Bretanha, assegurou que o bombardeio foi intenso nos subúrbios de Zamalka, Arbeen e Ein Tarma, no leste da capital. A organização disse que pelo menos cem pessoas morreram, enquanto os Comitês de Coordenação Local da Síria informaram que centenas de pessoas morreram ou ficaram feridas no suposto ataque.
A ofensiva coincidiu com a visita de uma equipe de 20 especialistas em armas químicas da Organização das Nações Unidas (ONU) para investigar três lugares onde teriam ocorridos ataques desse tipo no último ano. Ontem, o regime de Assad rechaçou as denúncias, qualificando-as de “infundadas”, e afirmou que, na realidade, essas notícias pretendiam entorpecer o trabalho dos inspetores da ONU.
A Coalizão Nacional Síria, maior grupo opositor, acusou o regime de matar, ontem, mais de 650 pessoas. “Mais de 650 mortos confirmados é o resultado do ataque com armas químicas na Síria”, afirmou a Coalizão em sua conta no Twitter. Estas denúncias não puderam ser confirmadas de forma independente.
Nisreen El-Shamayleh, a correspondente da rede de televisão árabe Al Jazeera na vizinha Jordânia, informou que ontem circulavam vídeos nos quais se via adultos e crianças em hospitais de campo, muitos deles demonstrando sinais de asfixia e tossindo intensamente. “Recebemos informações de que médicos nos hospitais de campo não têm a medicação adequada para tratar esses casos e estão atendendo os pacientes com vinagre e água”, disse a jornalista.
O chefe da equipe de inspetores da ONU, o sueco Ake Sellstrom, afirmou que as denúncias devem ser investigadas. O cientista disse à agência de notícias TT que, apesar de só ter visto imagens de televisão, com as quais não podia determinar nada, o alto número de mortes denunciado é “suspeito”. O líder da Coalizão Nacional Síria, Ahmed al-Jarba, disse ao canal de notícias Al Arabiya que se tratou de um “massacre” e pediu à equipe da ONU que visite o lugar onde o bombardeio teria sido lançado.
Por sua vez, a Liga Árabe pediu à equipe de especialistas das Nações Unidas que inspecione o local do ataque o quanto antes. Também a Arábia Saudita pediu à ONU e à União Europeia para investigarem o “massacre”. A Grã-Bretanha anunciou que levaria o tema ao Conselho de Segurança da ONU, que se reuniria ontem em sessão de emergência, e pediu a Damasco que desse pleno acesso aos inspetores das Nações Unidas.
“Estou muito preocupado com as informações de que centenas de pessoas, incluindo crianças, foram assassinadas em ataques aéreos e em um ataque com armas químicas sobre áreas dos rebeldes perto de Damasco”, afirmou em uma declaração o ministro britânico de Assuntos Exteriores, William Hague. Um porta-voz do governo da França afirmou que seu país também pediria à equipe de especialistas da ONU para visitar o lugar onde o ataque teria acontecido. Envolverde/IPS
* Publicado sob acordo com a Al Jazeera.