Crianças que desenvolvem a linguagem tardiamente não estão em risco de desenvolver problemas emocionais e comportamentais na infância e na adolescência, afirma um estudo feito pela Universidade de Western Austrália, publicado no periódico Pediatrics.
Este é um dos primeiros estudos a acompanhar crianças com desenvolvimento tardio da linguagem. A pesquisa faz parte de um estudo amplo – feito durante muito tempo com um grande número de entrevistados – e que acompanhou esses indivíduos até a adolescência.
“Indivíduos com desenvolvimento tardio da linguagem realmente têm alguns problemas emocionais e comportamentais quando bebês – até os dois anos de idade –, mas esses problemas não se mantêm ao longo do tempo”, diz Andrew Whitehouse, líder do estudo. “Acompanhamos esses indivíduos até os 17 anos e não observamos diferenças entre esses adolescentes e outros que haviam desenvolvido a linguagem no tempo médio esperado.”
Alguns problemas comportamentais e emocionais durante a primeira infância se dão principalmente pelas dificuldades psicossociais ligadas ao fato de não conseguirem se comunicar e a consequente frustração. Mas assim que essas crianças atingem o padrão de normalidade de verbalização – ou seja, durante a idade escolar – esses problemas parecem ter remissão.
“Ter um filho saudável, mas que não fala com a mesma fluência que outras crianças na sua idade, pode ser estressante para os pais. Mas nosso estudo indica que eles não devem se preocupar com que isso possa comprometer a vida futura de seus filhos. A maioria dessas crianças vai alcançar o nível de normalidade da fala quando começar a interagir com outras crianças”, diz o pesquisador que lembra que isso não quer dizer que não haja crianças que tenham problemas futuros ligados à linguagem.
“Claro que há crianças que têm dificuldade com a fala e que persistem após o início da vida escolar e, sim, esses indivíduos podem ter outros problemas psicológicos se não forem acompanhados por um profissional especializado”, alerta Whitehouse. Por isso, diz, é preciso que os pais observem esse comportamento nas crianças saudáveis – que já estão interagindo no ambiente acadêmico e continuam com problemas de comunicação – e procurem auxílio o mais cedo possível.
Com informações da Pediatrics.
* Publicado originalmente no site O que eu tenho.