A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que, até 2050, o Brasil será o sexto do mundo com o maior número de idosos. O país deverá chegar a 2050 com cerca de 15 milhões de anciãos, dos quais 13,5 milhões com mais de 80 anos. A velocidade do envelhecimento tem superado a implementação de ações para oferecer melhores condições de vida à terceira idade.
“O processo é muito rápido, e as políticas públicas não têm acompanhado isso. Viver em uma sociedade com muito mais idosos do que crianças requer um planejamento intenso”, afirmou o médico geriatra Luiz Roberto Ramos, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Atualmente o Brasil possui cerca de 20 milhões de idosos, o que corresponde a aproximadamente 10% da população do país, a maioria (6,5 milhões) tem entre 60 e 64 anos. Belo Horizonte, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro são as capitais com maior número de idosos – as informações são do Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Apenas 0,8% dos idosos vive em asilos no Brasil”, comentou o geriatra Einstein de Camargos, do Hospital Universitário da Universidade de Brasília (UnB), ao se referir às famílias que estão cada vez menos preparadas para conviver com os idosos. “Quem dava apoio (aos idosos) era a família, mas essa estrutura se perdeu. Hoje, cada um está envolvido com a sua vida. Além disso, as cidades grandes não estão adaptadas para um idoso”, enfatizou.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado em maio deste ano, mostra que o número de instituições públicas que abrigam os idosos não acompanha o crescimento da terceira idade. O Brasil tem 3.548 asilos, dos quais 218 são públicos.
De acordo com a psicóloga Vera Lúcia Coelho, professora do curso de psicologia clínica da Universidade de Brasília (UnB), o país precisa se preparar para o envelhecimento acelerado da população nos próximos anos. “Temos a ilusão de viver em um país de jovens. A propaganda de que a beleza jovem é a única possível e saudável está impregnada na gente”, ressaltou.
Segundo a OMS, o envelhecimento da população tem reflexo direto no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. As doenças crônicas não transmissíveis, que afetam principalmente idosos, provocam impacto anual de 1% no PIB, de acordo com a estimativa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Anualmente são gastos cerca de R$ 60 bilhões com doenças típicas da terceira idade no Brasil, informou a Comissão para Estudo do Envelhecimento Mundial.
O Dia do Idoso foi celebrado em 1º de outubro, data em que também é comemorado no Brasil o aniversário do Estatuto do Idoso.
“Tenho de trabalhar para sobreviver”
Aos 64 anos, Rita Simplícia da Silva ganha a vida vendendo balas em um semáforo na área central de Brasília. Moradora de Santo Antônio do Descoberto, município goiano localizado na região do entorno do Distrito Federal (DF), Rita tem cinco filhos, mas nenhum reside perto dela.
Segundo a comerciante, o trabalho a ampara. “Tenho de trabalhar para sobreviver. Trabalho porque não tenho família para me sustentar”, desabafou.
Vera Lúcia destacou que o envelhecimento requer mudança de papéis na família. Os filhos precisam cuidar da alimentação dos pais, além de ajudá-los em rotinas do cotidiano, como se vestir, e levá-los com regularidade aos médicos.
Em 2012, a vendedora ambulante, que teve um derrame em 2006 e hoje caminha com o auxílio de muletas, começa a receber a aposentadoria e pretende cuidar da saúde.
Com informações da Agência Brasil.
* Publicado originalmente no site EcoD.