Rio+20 pode ter uma agenda puramente declaratória na parte oficial. Os governos têm mostrado pouca iniciativa verde nos últimos anos. Em 2010, apesar dos eventos climáticos extremos terem sido muito danosos e a perda de biodiversidade, grande, houve não houve avanço relevante na promoção da economia verde. E este ano está pior.
Conversei com Suzana Kahn, Subsecretária de Economia Verde do Estado do Rio de Janeiro. Como se sabe o que o Rio não tem é uma economia verde. Sua expansão econômica se baseia em atividades de alto carbono: siderurgia, petroquímica, termelétricas fósseis.
Mas Suzana Kahn não cuida do presente. Cuida do futuro, tem visão de longo prazo. Foi esta semana para Nova York participar da reunião da ONU que prepara a agenda da Rio+20. Havia acabado de chegar da reunião do IPCC, do qual faz parte. Ela pretende propor, em Nova York, o que ela está chamando de “mapa do caminho para a economia verde”. O que seria isso? Ela diz que seriam a regras do jogo, os parâmetros e padrões, para que se possam definir metas concretas para cada país fazer a transição para uma economia de baixo carbono.
Cada país tem suas vantagens e desvantagens comparativas para fazer esta transição. Essas regras do jogo, permitiram “nivelar o campo de ação comum” e estabelecer critérios para a fixação de metas e prazos adequadas a essas vocações e peculiaridades de cada local. Essas metas poderiam ser alcançadas por caminhos diferentes.
Suzana Kahn acha que mesmo se a Rio+20 tiver uma agenda puramente declaratória, ela pode adquirir importância, dependendo da relevância do que seja discutido e da criatividade do segmento não-oficial. Ela imagina, por exemplo, uma reunião não-oficial com agenda concreta que poderia levar, inclusive a um “pacto pela economia verde”. Seria um encontro de estados de federações como o Brasil, o EUA e o Canadá, e localidades de países unitários, como Itália, que tenham iniciativas concretas de promoção da economia verde. Segundo Suzana, há iniciativas interessantes no Brasil, de estados e cidades do EUA, da Itália e de vários outros países.
A ideia de estimular iniciativas locais é boa. A experiência da Convenção do Clima mostra que o caminho de um acordo global, que obrigue os países a adotar metas é quase impossível. Mas o próprio Acordo de Copenhague, apesar de suas limitações, mostrou que é mais viável definir metas localmente e, posteriormente, transformá-las em compromissos multilaterais, no plano da política global.
* Publicado originalmente no site Ecopolítica.