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Caminhos para potencializar aquicultura de pequena escala

Buenos Aires, Argentina, 17/7/2012 – Especialistas argentinos avançam em um projeto que define a potencialidade de cada província para a aquicultura, uma atividade que contribui para o consumo de proteínas entre produtores pobres e que tem um mercado insatisfeito. A primeira parte do estudo realizado pela Direção de Aquicultura, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca, inclui sete províncias do noroeste e nordeste do país, e a ideia é estender o programa para o resto do território.

“O que fizemos foi um zoneamento para a aquicultura nessas províncias, isto é, um levantamento sobre as possibilidades que têm segundo as condições do solo, da água e outros parâmetros, como acesso a energia”, disse à IPS a diretora de Aquicultura, Laura Luchini. Especialista no tema, Luchini é uma das responsáveis pelo programa que analisou as potencialidades para a atividade nas províncias de Catamarca, Corrientes, Chaco, Entre Ríos, Formosa, Santa Fé e Tucumán.

A equipe de especialistas, entre os quais biólogos, ecologistas e sociólogos, analisou os solos e os recursos hídricos de cada distrito, fez pesquisas com produtores que já estão na atividade e potenciais interessados. A produção aquícola atual na Argentina é de apenas cerca de três mil toneladas ao ano, segundo dados oficiais, volume considerado marginal em comparação com a colheita de grãos ou com a pesca e as carnes bovina, suína e de aves.

A principal produção argentina são os grãos, com volume anual de cem bilhões de toneladas, e a pesca, com 800 mil toneladas ao ano. Porém, considerando a crescente demanda mundial por alimentos e a redução da pesca continental e marítima, o interesse pelo desenvolvimento desse setor é cada vez maior, explicou Luchini. Além disso, destacou que aos produtores rurais, que incorporam a aquicultura como uma atividade adicional às mais tradicionais tarefas agropecuárias, permite aumentar a renda, melhorar sua dieta e frear as migrações para a cidade.

Segundo Luchini, “o objetivo de estabelecer esta espécie de ordenamento territorial para a aquicultura foi proporcionar às províncias o conhecimento para aumentar a atividade e diversificar a produção segundo o potencial que têm”. O informe resultante diz para cada território quais são as espécies mais aptas para cultivo, que não necessariamente coincidem com as que estão sendo produzidas. Detectou-se, também, falta de financiamento para o produtor e demandas de mercado.

A Argentina cultivava na década de 1990 somente truta, espécie introduzida que habita os lagos da Patagônia, no sul do país, e que é muito procurada para o turismo de pesca com mosca, explicou Luchini. No entanto, nos últimos anos, a truta passou a representar 42% da produção, e o restante fica com outras 15 espécies, entre elas o pacu (37,9%) e, em menor medida, carpas, tilápias, ostras, mexilhões, rãs, sáveis, piaparas, esturjões e outros. Os especialistas também detectaram que a rhamdia, com grande potencial em climas temperados e semiquentes como os analisados, quase não é cultivada nesses locais por falta de sementes.

Os resultados mostraram que todas as províncias incluídas no programa contam com potencial para o desenvolvimento desta atividade e que existe também “uma clara predisposição” para aumentar as compras por parte de peixarias e supermercados. Os produtores recenseados, todos de pequena escala, asseguram que querem aumentar a produção para seu consumo e também para o mercado, mas lamentam a falta de apoio financeiro para desenvolver sua capacidade.

A pesquisa também mostra que 84% dos comércios nessas províncias estão interessados em adquirir maior quantidade e variedade destes produtos, que estão à venda mas não chegam com a devida regularidade e quantidade. Os restaurantes também têm demanda, embora em menor medida, mas não por rechaçarem a qualidade da oferta, mas por que preferem produtos com maior valor agregado como filé ou o peixe em pedaços, não inteiro.

“Não é uma atividade que se possa incentivar facilmente, porque os produtores são pequenos, em geral, salvo raras exceções que se dedicam às espécies mais procuradas”, pontuou Luchini. A equipe apresentou seus estudos em um painel realizado para autoridades da área e técnicos das sete províncias analisadas, de maneira a entregar-lhes os elementos para o desenvolvimento de seus programas em seus distritos.

Luchini enfatizou que, apesar de não ter um grande desenvolvimento nesse setor, a Argentina conta com um potencial interessante, e com este programa passa para a vanguarda entre os que realizam zoneamento para que a atividade comece sendo sustentável. Os especialistas esperam este ano prosseguir com o estudo nas demais províncias. Envolverde/IPS