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Campanha de economia de energia e água em Antiga e Barbuda

Zona de captação de água em Antiga, onde é um recurso escasso. Foto: Desmond Brown/IPS

 

Saint John, Antiga e Barbuda, 8/5/2013 – Uma nova iniciativa incentiva a população de Antiga e Barbuda, assolada pela seca, a conservar água e energia, dois dos recursos mais estimados neste país caribenho. A campanha Antiga Verde, da Autoridade de Serviços Públicos de Antiga (Apua), chamou a atenção de Brian Cooper, cientista britânico que se mudou para esta ilha em 1986.

“Me alegra muito que o governo leve o assunto a sério”, disse Cooper à IPS, ao comentar o “programa muito concreto” da Apua, graças ao qual as pessoas poderão produzir energia e, assim, reduzir sua dependência na companhia. “Não creio que seja a ponto de poderem vender para a empresa nesta etapa, mas ao menos é um começo”, afirmou Cooper. Os habitantes de Antiga e Barbuda, que sofrem frequentes apagões, podem tomar medidas muito simples para conservar a energia, acrescentou.

Cooper disse que a população também pode aprender quais aparelhos domésticos consomem mais eletricidade e dessa forma tentar reduzir seu uso. “Os refrigeradores, aquecedores de água e aparelhos de ar-condicionado são grandes consumidores de energia”, explicou. “Se quer usar água quente para o banho, instale aquecedores solares e reduza a quantidade de energia que usa”, destacou. O cientista reconheceu que é caro instalar um sistema de calefação de água solar e que “demora alguns anos para recuperar o gasto”.

No tocante à conservação da água, por meio da campanha, a Apua incentiva a população a reduzir o consumo e o desperdício em cozinhas, banheiros e jardins. Algumas medidas simples que as pessoas podem tomar são consertar torneiras que vazam, não usar água corrente para descongelar alimentos, instalar cisternas de baixo volume, que usam menos da metade da água dos velhos modelos, e tomar banhos de menor duração. Outro conselho é nunca deixar que escoe pelo ralo a água que poderia ter outro uso, como regar plantas e jardins e limpar a casa.

A Apua também espera que as pessoas adotem hábitos de economia energética, como passar roupa apenas uma vez por semana, instalar lâmpadas fluorescentes ou LED e não sobrecarregar os telefones celulares. “Os dados não poderiam ser mais arrasadores”, disse à IPS o primeiro-ministro de Antiga e Barbuda, Baldwin Spencer. Seu escritório lidera os esforços para que este país insular realize uma transição com vistas a um futuro sustentável em matéria energética. “Todos os dias nos interamos de nova informação sobre os efeitos adversos dos combustíveis fósseis sobre o meio ambiente e o clima da Terra”, afirmou Spencer, ressaltando que os países pequenos são os mais vulneráveis a essas consequências.

O primeiro-ministro afirmou que a contribuição de Antiga e Barbuda para o combate à mudança climática é minúscula, “mas temos certos princípios a promover”, o país usa muita energia por seu relativamente alto nível de vida, destacou Spencer. Mas o grande consumo “apresenta oportunidades para reduzir nossa demanda mediante uma gestão melhor”, sem sacrificar o crescimento nem o desenvolvimento, pontuou. Na verdade, é hora de adaptar as políticas, medidas e padrões de uso de energia, para que se melhore a competitividade e a eficiência no desenvolvimento socioeconômico.

O governo aprovou em 2001 uma política nacional de energia, que oferece um amplo contexto de ação na matéria. O documento identifica prioridades como reduzir o custo da energia, diversificar as fontes, melhorar a confiabilidade da eletricidade e estimular novas oportunidades econômicas. O primeiro-ministro ressaltou que o gabinete aprovou “uma lista integral de componentes necessários para instalar várias tecnologias de energia renovável, especialmente para aplicações eólicas e solares”.

O governo também conseguiu instalar unidades de energia fotovoltaica de seis quilowatts no ponto de observação Shirley Heights, perto do histórico Parque Nacional Nelsons Dockyard, com ajuda do governo dos Estados Unidos e da Alemanha, da Organização dos Estados Americanos e da União Europeia. A gerente do Parque, Valerie Hodge, informou que o projeto constitui um valor agregado para o local, que não estava ligado à rede elétrica e dependia totalmente de um custoso gerador de energia.

“Os resultados superaram as expectativas”, opinou Spencer. Além de reduzir de forma significativa o uso do gerador, a iniciativa diminuiu a contaminação ambiental e as emissões de gases-estufa, além de incentivar a produtividade. “As unidades de energia solar também serviram para demonstrar o uso dessa tecnologia dentro de um ambiente sustentável e um lugar histórico”, enfatizou. O primeiro-ministro afirmou que o governo identificou vários outros locais para instalar tecnologia de energia renováveis, entre eles o aeroporto internacional VC Bird e o complexo onde ficam os escritórios governamentais. Envolverde/IPS