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Casas solares provam que são possíveis

Washington, Estados Unidos, 6/10/2011 – As casas solares construídas por universitários no Parque National Mall, na capital norte-americana, são uma prova de que este país pode competir com outros em matéria de energias renováveis, gerar emprego e vencer a mudança climática, disse o secretário de Energia, Steven Chu.

As casas foram projetadas e construídas no contexto da competição bienal Solar Decathlon, patrocinada desde 2002 pelo Departamento de Energia (DOE), na qual universitários devem construir unidades acessíveis, eficientes em matéria energética e com uma atraente arquitetura. Participaram 400 estudantes em 20 equipes de diferentes países e 200 mil pessoas visitaram as casas em uma semana, disse o DOE.

Em uma das casas, a luz entra na cozinha através de um “muro vivo” de plantas e ervas em prateleiras. O protótipo foi feito pela equipe do Middlebury College, do Estado de Vermont. Inspirada em fazendas da Nova Inglaterra, a casa tem janelas ao Sul, lavadora e secadora de carga frontal, terraço de carvalho branco de Vermont e móveis desenhados pelos estudantes, que trabalharam dois anos no projeto se reunindo uma vez por semana para criar, financiar e construir a casa.

“Encarna o espírito do que tentamos fazer em Middlebury”, disse Alison Thompson, estudante de estudos ambientais da pequena faculdade de humanidades. “Sem engenheiros, conseguimos participar. Estamos emocionados de chegar até aqui”, disse à IPS. A equipe, formada por estudantes de inglês e de ciências políticas aceitou a tarefa por obra da mãe de um deles e conseguiu o primeiro lugar no concurso de atrativo comercial.

O primeiro lugar na competição geral ficou com a Universidade de Maryland, enquanto  Purdue e a Universidade de Victoria, do neozelandês Estado de Wellington, ficaram com segundo e terceiro lugares, respectivamente. A estatal Universidade de Apalaches, nas montanhas da Carolina do Norte, ganhou o “prêmio do público” por uma casa de campo solar. A estrutura tem um longo alpendre coberto e um desenho inspirado nos habitantes da escarpada região dos Apalaches.

Os críticos da energia solar e das alternativas renováveis só têm de olhar os protótipos construídos por universitários para se darem conta de que a inovação “está viva” nos Estados Unidos, disse o secretário do DOE. A energia solar cobrirá 20% do consumo até 2050, disse Chu. A China destina uma importante quantia de recursos para o setor, acrescentou. “alguns dizem que os Estados Unidos não podem ganhar esta competição. Argumentam que não podemos investir em energia limpa. Eu digo que não podemos deixar de fazê-lo”, ressaltou.

A falência da Solyndra, uma fábrica de células solares da Califórnia, com uma garantia de empréstimo federal de US$ 535 milhões, gerou em setembro uma discussão sobre o futuro das energias alternativas nos Estados Unidos. Os críticos citam esse caso como argumento de que já passou o tempo do setor de energias renováveis e que não merece o apoio do governo.

Desde sua quebra surgiram inúmeros artigos na imprensa sobre como diversas circunstâncias contribuíram para esse final. Os críticos afirmam que os Estados Unidos não podem competir com a China. Mas este país exportou mais de US$ 1,7 milhão em produtos da área de energia solar para a China em 2010 e teve superávit comercial líquido de US$ 247 milhões, diz um informe to ThinkProgress.

A indústria de dispositivos de energia solar é um dos setores de maior crescimento nos Estados Unidos com cinco mil empresas que empregam cem mil trabalhadores, disse Alexander Ochs, diretor do programa de energia e clima do Instituto World Watch.

A Solyndra faliu porque tomou decisões erradas em matéria de investimento e sofreu as consequências da flutuação do preços de matéria-prima, e não porque o setor está com problemas. “Cita-se a Solyndra como exemplo de que a energia solar não funciona nos Estados Unidos ou que não pode competir no mercado internacional. Com esse caso tenta-se matar toda a indústria”, explicou Ochs à IPS. De fato, a indústria de energia alternativa cresceu 69% no ano passado, duplicou a um ritmo muito maior do que a dos combustíveis fósseis, que cresceu uma porcentagem mínima, ou a energia nuclear, único setor que registrou crescimento negativo, acrescentou.

As pessoas que questionam o apoio estatal à energia renovável não levaram em conta o alto custo comparativo dos subsídios aos combustíveis fósseis, insistiu o diretor do Instituto World Watch. O setor recebeu US$ 72,5 bilhões em subsídios entre 2002 e 2008, enquanto a energia renovável obteve US$ 29 bilhões no mesmo período, dos quais uma importante proporção foi para os biocombustíveis, segundo estudo do Environmental Law Institute. A indústria dos combustíveis fósseis recebeu US$ 557 bilhões em subsídios estatais em todo o mundo em 2009, enquanto a da energia renovável e dos biocombustíveis juntas concentraram US$ 46 bilhões, segundo o Banco Mundial.

Após mencionar os subsídios diretos, indiretos e de infraestrutura, inclusive os que figuram como custos externos de saúde e ambientais, Ochs se perguntou como os críticos afirmam que as alternativas renováveis poderiam competir sem subsídios. “Vinte anos depois de começarmos a levar a sério a mudança climática, e à luz dos problemas econômicos e de saúde que apresenta o uso de combustíveis fósseis, continuamos colocando 12 vezes mais recursos neles”, disse à IPS.  Envolverde/IPS