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Catar cria prêmio mundial para promover a educação

Nações Unidas, 19/10/2011 – O Prêmio Nobel é entregue todos os anos por êxitos superlativos em física, química, medicina, literatura e paz. Contudo, desde sua criação, em 1901, o prestigioso prêmio não reconhece os êxitos de um dos setores mais importantes da agenda política e social da Organização das Nações Unidas (ONU): a educação. A Fundação Catar, presidida pela primeira-dama desse país, Moza bint Nasser, criou o primeiro grande prêmio para a educação, uma das prioridades dentro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, da ONU, que entre outras coisas propõe conseguir o ensino universal até 2015.

O novo prêmio reconhecerá indivíduos – ou uma equipe de até seis pessoas que trabalhem juntas – por sua destacada contribuição no campo da educação em um mundo dominado pela tecnologia digital e habitado por quase 800 milhões de analfabetos. Cecilia d’Oliveira, diretora-executiva do OpenCourseWare (OCW), no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), disse à IPS que as necessidades educacionais em nível mundial são vastas e estão relacionadas com outras áreas de preocupação – saúde pública, desenvolvimento econômico, impactos ambientais –, pelo que seria bom chamar a atenção internacional por meio do prêmio.

“Esperamos que este prêmio sirva para atrair a atenção para a meta de melhorar a educação em nível mundial”, ressaltou Oliveira. O vencedor, ou vencedores, será anunciado na terceira Cúpula Mundial de Inovação para a Educação (Wise), que acontecerá em Doha entre 1º e 3 de novembro. O ganhador – ou ganhadores – do Prêmio Nobel recebem uma medalha de ouro e entre US$ 1 milhão e US$ 1,4 milhão (dependendo da renda anual da Fundação Nobel), e o prêmio para a educação entregará US$ 500 mil em dinheiro e uma medalha de ouro.

Um comitê de 11 pessoas apresentará uma lista curta de candidatos a um júri de cinco personalidades, incluindo o professor Jeffrey Sachs, diretor do Instituto da Terra na Universidade de Columbia, James Billington, bibliotecário do Congresso dos Estados Unidos e ex-diretor do Centro Internacional Woodrow Wilson para Bolsistas, e o xeque Abdala bin Ali Al Thani, presidente da Wise e da Fundação Catar.

Lançada em 2009, a Wise é uma iniciativa da Fundação Catar para a Educação, a Ciência e o Desenvolvimento Comunitário, apoiada por uma rede de seis sócios: Agência Universitária da Francofonia, Associação de Universidades da Comunidade Britânica, Instituto de Educação Internacional, Associação de Presidentes Universitários, Corporação Rand e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

O prêmio é criado em um momento em que a ONU alerta para um crescente problema: a escassez global de mais de 6,1 milhões de professores. Segundo a Unesco, a África subsaariana é a região mais afetada, com um vazio de três milhões de professores. Ao mesmo tempo, 69 milhões de crianças abandonam os estudos primários em todo o mundo. Consultada se a cúpula do Catar é a única em termos de prover uma plataforma aos acadêmicos e especialistas em educação para apresentar soluções inovadoras aos desafios que o setor enfrenta, Oliveira afirmou que a Wise se destaca de várias formas.

A cúpula reunirá mais de mil líderes de diversos setores, incluindo governos, educação e empresas, todos com o mesmo interesse de compartilhar novos enfoques inovadores para melhorar a educação, acrescentou Oliveira. Para a diretora da OCW, “o tamanho, a diversidade e a importância da audiência é única para um evento educativo e os participantes da cúpula estão expostos a novas formas de pensamento, a ouvir histórias de sucesso, a aprender tendências inovadoras, e a se conectar com pessoas que estão fazendo coisas interessantes e inovadoras na área da educação”.

É um encontro emocionante e inspirador, e permite muitas oportunidades para conectar-se, informar-se mais e trocar histórias com outras pessoas do mundo, ressaltou Oliveira. Envolverde/IPS