Cerrado – uma janela para o planeta

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Atualizado em 26/08/2014 às 16:08, por Ana Maria.

Cerrado. Peter Caton/ Flickr

Exposição convida o visitante a explorar toda a diversidade de um dos biomas mais ricos do Brasil 

Quando se fala em Cerrado, a primeira imagem que vem à cabeça são árvores retorcidas e uma vegetação agreste, o segundo maior bioma do Brasil possui uma diversidade de paisagens, vegetação e fauna ainda capaz de surpreender o visitante desavisado. A surpresa da descoberta deverá marcar a visita de quem for à exposição CERRADO – UMA JANELA PARA O PLANETA, que o Centro Cultural Banco do Brasil Brasília apresenta a partir do dia 5 de setembro. Espalhados pelos pavilhões, Galeria 3 e pela área externa do prédio do CCBB Brasília estarão exemplares, imagens e instalações deste bioma que originalmente ocupava 24% do território brasileiro.

CERRADO – UMA JANELA PARA O PLANETA é uma realização do Museu de Ciência e Tecnologia de Brasília e da UNESCO, com apoio de várias instituições científicas e ambientais tais como a WWF, Jardim Botânico de Brasília, ISPN, Embrapa Cerrados, Rede Sementes e Ibermuseus.

A exposição será dividida em três grandes módulos: Grande Sertão, Veredas: paisagens do cerrado; A Trama do Cerrado: Diversidade; eOs Quatro Elementos: água, fogo, terra e ar. E contará com projeção de filmes, feira do Cerrado, programa educativo e oficinas. Tudo para aproximar o espectador deste bioma que vem sofrendo intenso processo de desmatamento. Sob a curadoria de Jorge Wagensberg (doutor em Física pela Universidade de Barcelona, onde leciona), Coordenação técnica de Mercedes Bustamante (doutora pela Universitat Trier, da Alemanha, e professora da UnB), e coordenação museológica de Maria Ignez Mantovani, o público poderá passear por diferentes paisagens e compreender a importância da preservação deste bioma. 

A exposição

O módulo ‘Grande Sertão, Veredas: paisagens do Cerrado  apresentará os 14 tipos principais de vegetação (‘fitofisionomias’) do bioma: as florestais (Mata Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e Cerradão), as savânicas (Cerrado Denso, Cerrado Típico, Cerrado Ralo, Cerrado Rupestre, Parque de Cerrado, Palmeiral e Vereda) e as campestres (Campo Sujo, Campo Rupestre e Campo Limpo). Essas variações são mostradas em sua diversidade, com informações sobre as mudanças provocadas pelas estações – chuva e seca – e os limites do Cerrado – o bioma está presente em 11 estados brasileiros: Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Bahia, Maranhão, Piauí, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Tudo isso será apresentado de forma a proporcionar uma experiência tridimensional, com instalações, projeções e sons.

Caberá à instalação Raízes e Ramos apresentar o que diferencia as três principais formações vegetais – campestre, savânica e florestal – e sua relação com a água, o fogo e o solo. Serão expostas árvores reais, além de outras espécies características de cada formação. Os textos explicativos mostrarão que a distribuição destas fisionomias está relacionada à ocorrência do fogo (há espécies que só rebrotam após as queimadas), mas também à disponibilidade de água e às características dos solos. Em seguida, as três formações vegetais serão detalhadamente apresentadas, através de fotografias, instalações contendo exemplares de plantas, sons dos diferentes ambientes e mapas.

O segundo módulo, ‘A Trama do Cerrado: Diversidade’, foi especialmente concebido para proporcionar um contato direto com a diversidade da fauna e da flora do CerradoVitrines exibirão sementes e frutos variados e instalações farão a demonstração de processos de dispersão, explicando ao visitante como estes mecanismos funcionam na natureza (experimentos em vitrines com mecanismos que simularão a presença de vento, correntes de água e ingestão e digestão de sementes). Em murais estarão folhas reais de árvores, palmeiras, arbustos e herbáceas, com a enorme variedade de forma e cores e sua relação com a disponibilidade de água, ocorrência de fogo e características dos solos.

Uma parte da fauna será apresentada em vitrines. O visitante conhecerá a imensa variedade de insetos, de peixes presentes nas diferentes bacias hidrográficas e os principais abrigos dos animais – ninhos e tocas –, que estarão dispostos de forma que o espectador veja onde ocorrem no Cerrado. Textos explicativos e exemplares em vitrines prometem destacar o papel ecológico de insetos como abelhas, vespas, borboletas, besouros, cupins e gafanhotos e sua adaptação ao meio ambiente – sabe-se que o Cerrado abriga 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos.

Abrigos, ninhos e tocas de animais do Cerrado serão apresentados em vitrines tridimensionais. O visitante poderá compreender a função ecológica de abrigos como cupinzeiros, abrigos de mariposas, ninhos de vespas e aves e entender os motivos que levam os animais a escolherem os materiais nos quais são confeccionados.

Também em ‘A Trama do Cerrado: Diversidade’ estará representada a diversidade cultural e de ocupação humana. Uma linha do tempo demonstrará como se deu a ocupação do território há milhares de anos, quais foram os principais povos, assim como as características fundamentais das populações. Objetos históricos e naturais utilizados por estas comunidades serão apresentados em vitrines e imagens.

Este módulo ainda se estenderá para a área externa do prédio do CCBB, com os segmentos ‘Restos e Rastros: Vestígios da fauna’, ‘Causos do Cerrado’ ‘Olhar, observar, experimentar e documentar’. Nestes espaços será demonstrado o trabalho dos pesquisadores, que buscam as pegadas, os vestígios dos animais, as câmeras usadas para documentar os hábitos de diferentes espécies da fauna, as vitrines com exemplares de pegadas, e também apresentados vídeos com histórias curiosas e causos contados por habitantes da região.

O terceiro e último módulo de CERRADO – UMA JANELA PARA O PLANETA será dedicado a explorar ‘Os Quatro Elementos: água, fogo, terra e ar ‘. A ideia é fazer o visitante conhecer a história geológica do Cerrado, a diversidade de solos, impactos do fogo e as interações entre vegetação e recursos hídricos. O Cerrado acolhe, por exemplo, cerca de 78% da área da bacia do Araguaia-Tocantins, 47% do São Francisco e 48% do Paraná-Paraguai. Uma maquete apresentará os principais processos hidrológicos, o relevo e a vegetação.

Para falar do solo, a exposição contará com a imensa cartela de cores dos solos do Cerrado, explicando sua composição e a presença e a quantidade de minerais, bem como a relação com a vegetação. Um totem e amostras de rochas destacarão  eventos geológicos que ocorreram para a configuração atual dos solos e paisagens do Cerrado.

E finalizando a exposição, o módulo Fogo promete mostrar a extraordinária importância dessefator para as diferentes vegetações da região, com efeitos ecológicos, para o manejo de áreas e conservação. O tema será representado por meio de um conjunto de audiovisuais que procurarão recriar o ciclo da queimada natural e também da causada pelo homem, abordando os impactos sobre as espécies. O público poderá também conhecer algumas das estratégias de defesa da flora por meio de uma vitrine com diferentes cascas e troncos além de amostras secas (exsicatas) de espécies da flora do Cerrado. O visitante ficará sabendo, por exemplo, que o tronco tortuoso com casca espessa é uma das adaptações mais evidentes no Cerrado. Os galhos e troncos crescem tortos devido ao fogo e as cascas são espessas para preservar o interior do caule, onde há circulação de nutrientes, água e seiva elaborada.

Além da exposição, o CCBB abrigará o evento paralelo, em parceria com a Rede Cerrado –  Feira do Cerrado – entre os dias 11 e 21 de setembro, que apresentará para o público os produtos da sociobiodiversidade de espécies nativas do bioma e diversas possibilidades de o uso tradicional associado que contribuem para geração de renda, conservação do Cerrado, valorização dos meios de vida sustentáveis e da cultura local de diversas comunidades agroextrativistas.

A EQUIPE 

Três grandes profissionais de áreas complementares para a elaboração de uma exposição com as dimensões de CERRADO – UMA JANELA PARA O PLANETA se uniram neste esforço que deseja aproximar o bioma do Cerrado do público leigo, despertando na população o desejo de preservação. 

CURADOR – Nascido em Barcelona, Jorge Wagensberg é doutor em Física pela Universidade de Barcelona e professor de Teoria dos Processos Irreversíveis na Faculdade de Física da mesma universidade, na qual dirige um grupo de investigação em biofísica. É autor de múltiplos trabalhos científicos publicados em revistas especializadas internacionais, de uma extensa obra de difusão científica e relativas a outros domínios da cultura. Foi diretor científico do Museu de Ciência da Fundação “La Caixa”, o “Cosmocaixa” em Barcelona, tendo sido responsável pela área de ciência e meio ambiente da obra social da Fundação ‘La Caixa’. É ex-presidente do ECSITE (European Collaborative for Science & Technology). Jorge Wagensberg é o encarregado do desenho do projeto museológico do novo museu Hermitage, de Barcelona. 

COORDENADORA TÉCNICA – Mercedes Bustamante, doutora em Ciências Naturais pela Universitat Trier, na Alemanha, é professora da Universidade de Brasília (UnB) desde 1994, onde atua no Departamento de Ecologia do Instituto de Ciências Biológicas (IB). Já publicou 63 artigos científicos e 17 capítulos de livros em temas, principalmente, relacionados à Ecologia do Cerrado e impactos das atividades humanas sobre a estrutura e funcionamento desse bioma. As pesquisas desenvolvidas pela bióloga e seu grupo oferecem subsídios para a elaboração de estratégias de conservação e políticas ambientais. Tem desenvolvido atividades estratégicas como a cocoordenação do capítulo “Agriculture, Forestry and Other Land Uses” do 5o. Relatório do Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC (Working Group III – Mitigation) (2011-2014), e cocoordenação do Grupo de Trabalho “Mitigação” do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, responsável pela elaboração do relatório técnico sobre Mitigação de Mudanças Climáticas no Brasil (2011-2014). Mercedes Bustamante também atuou como representante da América Latina na International Nitrogen Initiative (2010-2013), foi membro do Comitê Científico N2O Report – United Nations Environment Programme (UNEP) (2013) e do Comitê Científico do International Geosphere-Biosphere Programme (IGBP) (2007-2012), Coordenadora Geral de Gestão de Ecossistemas (2011-2012) e Diretora de Políticas e Programas Temáticos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (2012-2013).

COORDENADORA MUSEOLÓGICA – Maria Ignez Mantovani é brasileira, graduada em Comunicação Social com especialização em Museologia e doutora em Museologia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, de Lisboa, Portugal. Diretora e fundadora da empresa EXPOMUS – Exposições, Museus, Projetos Culturais, que desde 1981 já  atuou em cerca de 250 projetos de exposições nacionais e internacionais de arte e cultura brasileira, desenvolve projetos museológicos, socioeducacionais e ambientais, em colaboração com instituições e museus brasileiros e do exterior. Maria Ignez realiza palestras e conferências de capacitação em museologia e gestão cultural. Entre outras atribuições, é vice-presidente e representante para a América Latina do CAMOC – Comitê Internacional de Museus de Cidade do ICOM, e membro da Diretoria do ICOM Brasil, órgão que representa no Conselho Consultivo do Patrimônio Museológico do Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM/Ministério da Cultura.

PRODUÇÃO – Expomus é uma empresa brasileira, fundada em 1981.  Desenvolve projeto da área museológica, sendo responsável pelo Plano museológico do Museu de Ciência e Tecnologia de Brasília, além de ouros projetos de destaque.  Está por trás de uma das exposições de maior sucesso no Brasil: a mostra IMPRESSIONISMO: PARIS E A MODERNIDADE, que trouxe pela primeira vez ao Brasil o acervo do renomado Museu d’Orsay, da França. A Expomus é, também, responsável pela gestão museológica da exposição GUERRA E PAZ, que apresenta  ao público brasileiro os monumentais painéis do pintor Candido Portinari, que  integram o acervo da ONU, em Nova York.

 

PROGRAMAÇÃO

Dia 05/09 – SEXTA FEIRA

10h00 – 11h00 Abertura com falas institucionais:  MCTI, MMA, GDF, UnB, UNESCO

14h00 – Mesa-redonda:

Uma janela para o Planeta – Conversa com os Curadores – Prof. Dr. Jorge Wagensberg

(Prof. da Universidade de Barcelona)

Palestra sobre difusão científica, papel dos museus de ciência e tecnologia – Dr. Douglas Falcão, Diretor do DEPDI/MCTI

Palestra – Profa. Dra. Mercedes Bustamante – Professora Dept. Ecologia da UnB

 

Dia 06/09 – SÁBADO

Manhã

9h30 – 10:45h Mesa redonda Biodiversidade

Prof. Manoel Claudio (UnB) /Profa. Cássia Munhoz (UnB)– Diversidade vegetal

Prof. Mauro Ribeiro (IBGE) / Profa. Barbara Fonseca (UCB) – Ambientes Aquáticos 

Profa. Ivone Diniz (UnB) – Diversidade de Fauna

10h45 – 11h00 Debate

11h15 – 12h00 Fogo – Conhecimento científico e tradicional

Profa. Heloisa Miranda (UnB)

Profa. Isabel Belloni (UnB)

Prof. Christian Berlinck (ICMBio)

12h00-12h15 Debate

Tarde

14h30 – 15h15 Mesa redonda Paisagens / Mudanças de uso da terra

Prof. Laerte Ferreira – UFG

Mario Barroso – WWF

Prof. Britaldo Soares – UFMG

15h15 – 15h30 Debate

16h00 – 16:45h Diversidade Social

Prof. Ricardo Ribeiro – PUC Minas Gerais

Isabel Benedetti – ISPN

Representante – Rede Cerrado

16h45 – 17h00 Debate

 

Dia 07/09 – DOMINGO – Cine Cerrado – Filmes, Documentários e Curtas sobre o Cerrado. Lançamento do vídeo da WWF

 

FEIRA DO CERRADO

 

Local: CCBB

Data: 11 a 21 de setembro

Horário: segunda, quarta, quinta e sexta, de 12h às 21h

Sábado e domingo, de 9h às 21h

 

Artesanato, cosméticos, produtos alimentares nativos de comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas e de agricultores agroextrativistas ao alcance da comunidade de Brasília. Esta é a proposta da FEIRA DO CERRADO, que vai integrar 20 empreendimentos comunitários do Cerrado, com produtos originários dos estados de Goiás, Minas Gerais, Bahia, Tocantins, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará. Ao longo de 11 dias, será possível encontrar produtos gastronômicos como castanha de baru, conservas, farinha e óleo de pequi, geleias, licores, doces, farinha de jatobá, farinha e azeite de babaçu, produtos derivados do buriti, macaúba, entre outros alimentos de espécies nativas de excelência. Na tenda gastronômica serão comercializados sanduiches naturais, salgados integrais, tapiocas, bolos, doces e sorvetes, sucos de frutos do Cerrado, além de outras delícias desenvolvidas pelas comunidades extrativistas.

Também estarão à venda peças de artesanato, com destaque para os produtos de Capim Dourado feitos no Jalapão/TO, os bordados e cerâmicas do Vale Jequinhonha/MG, as cestarias de buriti e bordados do Vale do Urucuia/MG e as cestarias indígenas da etnia Kayapó/PA. A feira é uma excelente oportunidade para as pessoas conhecerem as espécies típicas do Cerrado, contribuindo para o fortalecimento da economia das comunidades e geração de renda das populações tradicionais. A Feira do Cerrado será inaugurada exatamente no dia em que o Brasil celebra o Dia do Cerrado.

 

FEIRA DO CERRADO

De 11 a 21 de setembro de 2014

Horário de funcionamento: Sábado e domingo, das 9h às 21h/ Dias da semana, das 12h às 21h

Local: Centro Cultural Banco do Brasil Brasília

Mais informações: Letícia Campos

contato@redecerrado.org.br

(61) 9949-6926 ou 8201-3536

www.redecerrado.org.br

 

EXPOSIÇÃO CERRADO – UMA JANELA PARA O PLANETA

SERVIÇO

Local: Centro Cultural Banco do Brasil – Brasília

Data: 5 de setembro a 19 de outubro de 2014

Horários: de quarta a segunda-feira, das 9 às 21h

ENTRADA FRANCA

CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA: Livre


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