Cheio e vazio: um exercício permanente de fazer escolhas

escolhas

“Preenchendo o vazio” é o nome de um filme em cartaz em São Paulo, que aborda uma delicada situação no seio de uma família judia ortodoxa. A fita é muito boa, principalmente pelo desempenho da protagonista, que visivelmente se transforma e amadurece com o desenrolar da trama.

O título da produção cinematográfica israelense ficou martelando a minha cabeça e enquanto esperava o almoço decidi investigar os toques que essa frase “gerundiona” provocou em mim.

De imediato, o ato de esvaziar é vital para a manutenção da nossa qualidade de vida, bem como para alimentar a necessidade de nos preenchermos a cada instante com os nutrientes variados que nos permitam atingir o equilíbrio. Entre o vazio e o cheio, o exercício é o de encontrar a nossa medida e eleger quais os ingredientes mais apropriados para alcançarmos o bem-estar físico, emocional e mental.

Nessa sociedade extremamente mercantil, certos preenchimentos, às vezes, ocorrem pela via do consumo exacerbado, da valorização do supérfluo, e do excesso de egocentrismo. A meu ver, o verdadeiro encontro entre esses dois pontos está na capacidade de nos reconhecermos e nos conscientizarmos do que somos, para onde queremos ir, e para que nós vivemos aqui.

Essas indagações podem ser experimentadas a cada momento e, dependendo do contexto, o cheio e o vazio são duas facetas que em função do olhar e da escolha, podem provocar resultados absolutamente diferentes, mas genuínos na essência e no propósito. Por aqui, fico. Até a próxima.

* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.