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Chuvas disparam risco de enfermidades na Tanzânia

O bairro de Jangwani, na cidade tanzaniana de Dar es Salaam, se despediu de 2013 e deu boas-vindas a 2014 inundada por fortes chuvas. Foto: Muhidin Issa Michuzi/IPS
O bairro de Jangwani, na cidade tanzaniana de Dar es Salaam, se despediu de 2013 e deu boas-vindas a 2014 inundada por fortes chuvas. Foto: Muhidin Issa Michuzi/IPS

 

Mogadíscio, Somália, 19/2/2014 – Osman Ali, proprietário de uma loja de produtos eletrônicos na capital da Somália, está em apuros desde que a organização terrorista islâmica Al Shabaab obrigou a Dar es Salaam, Tanzânia, 19/2/2014 – Os moradores das zonas baixas de Dar es Salaam, a cidade mais povoada da Tailândia, correm o risco de contrair enfermidades transmitidas pela água, enquanto uma onda de chuva afeta com inclemência essa cidade deste país da costa sudeste da África. No começo deste mês, a Agência Meteorológica da Tanzânia (TMA) anunciou que Dar es Salaam, com 2,5 milhões de habitantes, fica em uma das zonas do país que receberiam precipitações superiores à média e sofreriam fortes ventos nas semanas seguintes, e pediu que os moradores tomassem precauções.

A região oriental de Morogoro também foi afetada em janeiro, quando inundações repentinas forçaram o deslocamento de mais de dez mil pessoas e prejudicaram infraestruturas, incluindo estradas e moradias. Os aguaceiros afetaram os moradores que não deram importância ao chamado do governo para evacuar os setores de Jangwani e Kogogo, em Dar es Salaam, na costa central deste país de 37,5 milhões de habitantes.

“Não pude dormir à noite. A chuva trouxe uma grande quantidade de água para cá”, disse à IPS o morador Maulid Ali. Residentes de Kigogo contaram à IPS que a água se converteu em um grave perigo para a saúde, porque as pessoas jogam os dejetos de suas latrinas nas águas inundadas, o que causou a infiltração de excrementos humanos pela área. “Bebemos água do poço, mas quando chove é difícil saber se é segura”, disse à IPS Riziki Mwenda, moradora de Kigogo.

Especialistas em saúde pública alertaram os moradores das áreas potencialmente vulneráveis sobre as doenças epidêmicas. O comissário regional de Dar es Salaam, Said Meck Sadick, disse à IPS que as doenças transmitidas pela água são endêmicas na cidade, porque alguns moradores não mantêm bons hábitos de higiene. “Continuamos lembrando às pessoas das áreas baixas que tomem precauções e respeitem as normas de saúde, tais como ferver a água e usar o banheiro”, acrescentou.

Dados do Ministério de Saúde e Bem-Estar Social mostram que Dar es Salaam está entre as cinco regiões costeiras com o maior número de casos de cólera a cada ano. Mas a quantidade desses casos pode aumentar na medida em que este país sofre o impacto visível da mudança climática. Um estudo de 2011 da Revista Internacional de Investigação de Meio Ambiente e Saúde Pública diz que o risco de contrair cólera aumenta entre 15% e 29% a cada grau que sobe a temperatura.

As projeções da TMA revelam que a temperatura média anual subirá entre 2,1 e quatro graus na Tanzânia até 2100. O diretor de Pesquisa e Meteorologia Aplicada da agência, Ladislao Chang’a, explicou à IPS que é provável que o país seja afetado pelo aumento da frequência e da gravidade de fenômenos meteorológicos extremos. O norte e o sul da Tanzânia poderiam experimentar aumento nas precipitações que vão de 5% a 45%, e por outro lado, na maior parte do país, as chuvas poderiam diminuir entre 10% e 15%, pontuou.

“O rápido aumento ou diminuição das chuvas afetará a maior parte do país, causando inundações ou secas, contribuindo para a desnutrição devido à falta de alimentos, o aumento das doenças infecciosas e a escassez de água potável”, prevê a TMA. Porém, Herbert Kashililah, assessor técnico da organização internacional WaterAid, afirmou à IPS que o crescente aumento de doenças epidêmicas relacionadas com a mudança climática em Dar es Salaam se agravou, em grande parte, pelas deficiências nas políticas públicas de saúde e saneamento, e pela falta de responsabilidade da sociedade.

A brecha existente entre a política e a prática é atribuída à falta de prestação de contas pelos atores principais e pela superposição de competências entre os governos locais e o ministério central em fazer cumprir as leis vigentes que controlam este tipo de enfermidade”, assegurou o representante da WaterAid, que tem sede em Londres.

A Tanzânia não tem uma política oficial sobre a mudança climática, enquanto a saúde pública não é levada a sério o suficiente, ressaltou Kashililah. “O governo deveria investir significativamente no fornecimento de água potável para todos os residentes da cidade, mas também deveria assegurar que o esgoto seja gerido adequadamente”, apontou. Disse também que a maioria das famílias obtém água de poços que estão contaminados com esgoto, enquanto carecem de acesso a água corrente.

O governo admite que as doenças transmissíveis continuam sendo um grave risco para a saúde pública em todo o país, apesar dos esforços para prevenir e controlá-las. O ministro de Saúde e Bem-Estar Social, Seif Rashid, declarou à IPS que o governo se comprometeu a melhorar a saúde e o bem-estar dos tanzanianos, para que o sistema de saúde atenda melhor as pessoas em risco de contrair doenças transmitidas pela água. “A política existe, e como a colocamos em prática depende em grande parte dos fundos destinados pelo orçamento nacional”, esclareceu Radhid.

O ministro afirmou que o governo continuará com sua campanha de educação pública por meio de programas comunitários, para que as pessoas entendam e adotem as medidas apropriadas para evitar que contraiam doenças. Ele acrescentou que o governo espera melhorar os serviços de abastecimento de água e saneamento em todo o país por meio de seu Programa de Desenvolvimento do Setor de Água, financiado por doadores internacionais. Envolverde/IPS