Durante muito tempo, a prática docente foi guiada por uma concepção de ensino tradicional. Com isso, o processo de ensino e de aprendizagem ocorria em função de uma grande quantidade de conceitos e definições, que deveriam ser reproduzidos pelos alunos. Nessa ótica, o aluno era concebido como “um sujeito passivo, que recebe as instruções de um professor que supostamente sabe o conteúdo a ser ensinado e como num passe de mágica transfere-lhe esse saber” (Xavier, 2007, p. 4). Essa postura esteve presente durante décadas em nossas escolas.
Nos últimos anos, mais especificamente, nas duas últimas décadas, as práticas de ensino têm passado por inúmeras modificações. Uma dessas modificações diz respeito à utilização das Tecnologias da Informática e da Comunicação (TICs) no contexto educacional. Todos sabemos que o mundo, nos últimos anos, tem vivenciado um grande desenvolvimento tecnológico, que tem causado reflexos em diversos âmbitos da sociedade, entre eles o educacional. Em função disso, surgem novos recursos didáticos pautados em diversas tecnologias, subsidiando, assim, novas práticas pedagógicas.
Conforme dito anteriormente, o ensino, em uma perspectiva geral, teve como foco a supervalorização de um conhecimento dogmático. Com base nessa linha metodológica, o aluno exercia um papel passivo que se restringia ao ato de reproduzir os discursos de grandes autores e do professor. Em outras palavras, “o professor fala e o aluno escuta. O professor dita e o aluno copia. O professor decide o que fazer e o aluno executa. O professor ensina e o aluno aprende” (Becker, 2001, p. 16). Dentro dessa perspectiva, não ocorria a prática da interação na relação professor-aluno.
Contudo, a partir da aplicação da informática no âmbito educacional, surgem novos recursos didáticos e múltiplas linguagens que fogem dos padrões tradicionais de ensino. Os novos meios didáticos são vários, tais como: o uso de plataformas virtuais de aprendizagem, o uso das redes sociais (Facebook, MSN, Orkut, E-fórum), chats educacionais, debates via internet, etc. Essa nova perspectiva articula a linguagem, a tecnologia e o ensino. Mas, sobretudo, insere a interatividade e a dialogicidade nos processos de ensino e de aprendizagem.
É nesse cenário que surgem novos caminhos metodológicos e novos papéis para a construção do conhecimento, o que ocasiona uma intensa alteração nas relações tradicionais de ensino. Primeiramente, abordamos a mudança na função social do docente. Dito de outra forma, o professor não é mais aquele que detém um conhecimento absoluto e dogmático (que não admite questionamentos), mas aquele que organiza a articulação entre o saber e o aluno. Nessa direção, o professor é alçado à condição de mediador, deixando de lado a postura de transmissor de conteúdo e, por conseguinte, assumindo o papel de orientador e de estimulador na construção do conhecimento do aluno. Este, por sua vez, assume um papel ativo.
Nesse sentido, a inserção das TICs no âmbito educacional acarreta não só novas possibilidades de cunho metodológico, mas, acima de tudo, uma transformação social nos papéis e nas funções destes dois atores sociais (professor e aluno). Ambos, agora, exercem um papel ativo na construção da aprendizagem, o que alça o discente à condição de construtor social e, por conseguinte, insere a autonomia do aluno na construção do conhecimento.
Referências
BECKER, Fernando. Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001.
XAVIER, Antonio C. As Tecnologias e a aprendizagem (re) construcionista no Século XXI. Hipertextus Revista Digital, Recife, v. 1, 2007.
* Silvio Profirio da Silva é aluno do curso de Letras da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). E-mail: [email protected].
** Publicado originalmente no site Correio da Cidadania.