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Cooperação Sul-Sul acompanha aumento demográfico

Nações Unidas, 13/2/2012 – Quando foi atingido o recorde de sete bilhões de habitantes no planeta, a Organização das Nações Unidas (ONU) previu que o crescimento da população mundial aumentaria o ritmo até chegar a 9,3 bilhões em 2050. Este aumento deve ser acompanhado de uma eficaz cooperação entre os países em desenvolvimento. Trata-se da cooperação Sul-Sul entre nações que compartilham experiências inovadoras em matéria de saúde reprodutiva, planejamento familiar, poder de gênero e integração da população ao planejamento do desenvolvimento.

“Internacionalmente, se reconhece que a cooperação Sul-Sul e triangular para o desenvolvimento continua crescendo em importância, e atualmente representa cerca de 10% da cooperação total ao desenvolvimento”, informou à IPS o observador permanente da Partners in Population and Development (PPD) junto à ONU, Sethuramiah L. Rao. Também é reconhecido que a cooperação Sul-Sul não é substituta mas complementar da cooperação Norte-Sul, afirmou Rao, que, entre outros, apontou Brasil, China, Índia e África do Sul como alguns dos países que realizam contribuições significativas para a cooperação Sul-Sul.

O PPD, que Rao representa em Nova York, foi criado na Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, de 1994, especificamente para promover e fortalecer a cooperação Sul-Sul em matéria demográfica e de saúde reprodutiva. O PPD representa quase 70% da população dos países em desenvolvimento, 25 dos quais o integram: África do Sul, Bangladesh, Benin, China, Colômbia, Egito, Etiópia, Gâmbia, Gana, Índia, Indonésia, Jordânia, Quênia, Mali, Marrocos, México, Nigéria, Paquistão, Senegal, Tailândia, Tunísia, Uganda, Vietnã, Iêmen e Zimbábue.

O livro Sharing Innovative Experiences (Compartilhando Experiências Inovadoras), publicado pela Unidade Especial para a Cooperação Sul-Sul do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) e o PPD, reconhece que o aumento da população mundial é “fenomenal”. “Enquanto, por um lado, isto reflete o enorme êxito da humanidade na redução da mortalidade e na melhoria da qualidade de vida para milhares de milhões de pessoas, por outro apresenta o sério desafio das implicações sociais, políticas, ambientais e de desenvolvimento de somar mais milhares de milhões de pessoas tão rapidamente”, afirma o livro.

Segundo a publicação, de 260 páginas, a população mundial não chegou a um bilhão de pessoas até 1804. Depois, demorou 124 anos para chegar a dois bilhões, em 1927, 33 anos para alcançar os três bilhões, 14 para os quatro bilhões, 13 para os cinco bilhões, 12 para os seis bilhões e outros 12 para os sete bilhões, registrados em 2011. Consultado sobre os pontos altos da cooperação Sul-Sul em saúde reprodutiva, Rao explicou que os governos de Egito, Índia e Marrocos ofereceram bolsas de longo prazo para educação sobre população e saúde pública. Ao mesmo tempo, China, Índia, Tailândia, Egito, Marrocos, Tunísia e África do Sul ofereceram outras, de curto prazo, para capacitar demógrafos e especialistas em saúde.

O PPD criou uma rede interregional de sucesso com 25 instituições sócias, todas ativas na área de população, saúde reprodutiva e desenvolvimento, para criar infraestrutura em seus países-membros e em outros. As instituições sócias ajudam adaptando entre si seus programas de capacitação e assinando cartas de entendimento em matéria de colaboração. Segundo Rao, a experiência indica que na rede do PPD há capacidades técnicas de primeira ordem nas áreas de população e saúde reprodutiva, e que deveriam ser feitos maiores esforços para capitalizá-las plenamente mediante a cooperação Sul-Sul e triangular.

Rao também disse que atividades de diálogo político e lobby assumidas pelo PPD sobre temas urgentes de população, saúde reprodutiva e desenvolvimento, sob a forma de conferências e painéis internacionais, tiveram resultado excelente. Sobre os inconvenientes, Rao respondeu à IPS que “há, pelo menos, duas limitações programáticas ou práticas”. Primeiro, a experiência exitosa quase sempre é documentada em retrospectiva e, portanto, muitas decisões importantes que são cruciais para seu sucesso se perdem devido a esse lapso de tempo transcorrido, afirmou.

Frequentemente falta registro de detalhes, o que piora a situação porque com o tempo vai mudando o pessoal responsável pelo projeto e a implantação desta prática no país. E, o que é mais importante, gerentes e documentadores nem sempre são as mesmas pessoas, o que dificulta obter um equilíbrio entre substância e narração. Rao acrescentou que o projeto e a implementação de intervenções programáticas costuma encaixar com os imperativos políticos, culturais, administrativos e humanos de um determinado país, fazendo com que tudo seja um desafio quanto a adaptar o enfoque a outros contextos. Envolverde/IPS