Cresce o número de americanos que creem no aquecimento global, revela pesquisa

Na opinião de 71% dos norte-americanos que creem no aquecimento global, ele acontece de forma parcial ou principalmente por causa das atividades humanas/Foto: 4BlueEyes Pete Williamson

Aumentou de 75% para 83%, em relação ao último ano, o número de norte-americanos que acreditam no aquecimento global, segundo uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na quinta-feira, 15 de setembro. O levantamento foi feito nos Estados Unidos entre os dias 8 e 12 de setembro.

De acordo com a pesquisa, tal crescimento pode ter sido influenciado pelos debates dos pré-candidatos republicanos à Casa Branca que, à exceção de Jon Huntsman, geralmente rejeitam a tese amplamente respaldada por cientistas de que emissões humanas de gases do efeito estufa têm causado o aquecimento global.

Durante os recentes debates, o favorito Rich Perry acusou os cientistas de manipularem dados climáticos, e a deputada conservadora Michele Bachmann afirmou que as mudanças climáticas são um mero boato.

Para o cientista político Jon Krosnick, da Universidade Stanford, esse debate leva os norte-americanos a refletirem mais sobre o que realmente pensam a respeito das mudanças climáticas. E o que eles pensam pode estar influenciado também por notícias recentes de que 2010 empatou com o de 2005 como o ano mais quente no mundo desde o início dos registros, na década de 1880.

“Esse é exatamente o tipo de situação que irá provocar o público a pensar na questão de uma forma que não pensou antes”, observou Krosnick sobre a recusa dos republicanos em aceitarem as mudanças climáticas.

Os cientistas alertam também que o aquecimento global deve causar mais desastres climáticos, e o ano de 2011 pode já ser um exemplo disso – o que inclui a passagem do furacão Irene pela Costa Leste dos EUA. Os EUA sofreram dez desastres naturais em 2011, com prejuízos superiores a US$ 1 bilhão, segundo estimativas oficiais.

De acordo com a pesquisa, eleitores de ambos os partidos norte-americanos creem majoritariamente no aquecimento global, mas a tendência é maior entre os democratas (92%) do que entre os republicanos (72%). Outros dados significativos do levantamento são os seguintes:

•Cerca de 15% dos eleitores entendem a questão climática como um tema importante para as campanhas políticas;
•Na opinião de 71% dos norte-americanos que creem no aquecimento global, ele acontece de forma parcial ou principalmente por causa das atividades humanas; outros 27% consideram que as causas são naturais, segundo a pesquisa;
•Embora mais norte-americanos tenham passado a compartilhar das certezas dos cientistas, os que são céticos se aprofundaram na sua relutância. Em 2010, o percentual desse grupo com certeza absoluta de que as mudanças climáticas não existem era de 35%. Agora, passou para 53%.
A pesquisa Reuters/Ipsos ouviu 1.134 adultos, incluindo 932 eleitores registrados. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para a amostra total, e 3,1 pontos para os eleitores.

O EcoD mostrou na segunda-feira, 12 de setembro, que o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, ficou 24h on-line, através da campanha 24 horas de Realidade, a fim de tentar convencer pessoas de todo o mundo a reconhecerem a existência e os impactos das mudanças climáticas no planeta.

Fundador do projeto The Climate Reality e Prêmio Nobel da Paz em 2007, juntamente com o IPCC (Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), Al Gore criticou recentemente a política do colega democrata Barack Obama em relação ao combate ao aquecimento global.

*publicado originalmente no site EcoD.