Havana, Cuba, 2/6/2011 – Começa hoje em Cuba a temporada de ciclones tropicais com previsões moderadas, embora o diretor do Centro Nacional de Previsões do Instituto de Meteorologia (Insmet), José Rubiera, insista que deve ser mantida a preparação habitual. “Se faz previsões de mais ou menos furacões, mas ninguém pode saber quantos se formarão realmente, e o perigo continua sendo o mesmo”, disse Rubiera à IPS, explicando que os números têm uma importância relativa. “O essencial é permanecer alerta, ser previdente”, ressaltou.
Em meados de maio, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) previu entre 12 e 18 tempestades no Oceano Atlântico para esta temporada, das quais entre seis e dez podendo se transformar em furacões. Rubiera disse que as previsões divulgadas até agora incluem uma área muito vasta, que pega todo o Atlântico, Mar do Caribe e o Golfo do México, destacando ser impossível prever com precisão. “Diante da incerteza, a lição ensina a ficar sempre atentos e preparados”, reiterou.
O especialista considera que, devido às condições atmosféricas e oceânicas na bacia do Atlântico tropical, Golfo do México e Mar do Caribe, a quantidade de tempestades pode estar no nível normal ou ligeiramente superior à média histórica anual de dez. Isto porque a atual temporada transcorrerá sem a influência de La Niña-Oscilação do Sul (Enos), fenômeno que periodicamente afeta os padrões meteorológicos em todo o mundo, e nem de sua contraparte, El Niño. “Mas, não se deve esquecer que estamos dentro de uma fase ciclônica ativa que começou em 1995 vai durar 30 anos ou mais”, alertou Rubiera.
“Além disso, as águas oceânicas estão quentes. Há combustível para a formação de ciclones tropicais”, destacou o especialista, que admitiu que a mudança climática gera uma intensidade maior. “Nos últimos 15 anos, os furacões foram mais intensos do que em períodos anteriores”.
Forte defensor das medidas de prevenção comunitária recomendadas para reduzir a vulnerabilidade diante dos desastres, o especialista sugeriu começar de imediato a limpeza dos locais por onde a água pode escoar, examinar o estado dos postes da rede elétrica e retirar lixo da via pública. Todos estes temas ganham especial importância à véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente, que será celebrado no dia 5.
As autoridades cubanas revisam e praticam a cada ano em simulações com a população o sistema de proteção e mitigação de desastres naturais, o que permitiu ao país reduzir ao mínimo a perda de vidas humanas, embora a economia costumeiramente seja seriamente danificada, especialmente nas áreas de habitação e agricultura.
A proteção de pessoas e recursos em situações de desastres cabe à Defesa Civil, vinculada ao Ministério das Forças Armadas, sob cujo comando são executados os planos de prevenção quando há aviso de formação de uma depressão tropical na área. O Centro Nacional de Previsões do Insmet divulga avisos de alerta diante da possibilidade de algum ciclone tropical chegar ao território cubano, o que permite adotar medidas com antecedência de 72 a 120 horas, incluindo a maciça evacuação de famílias de áreas de risco.
Em 2010, houve 19 organismos ciclônicos, incluindo sete tempestades tropicais e 12 furacões, cinco destes de grande intensidade, embora nenhum tenha atingido Cuba nem os Estados Unidos, e a maior parte ter acontecido no Atlântico sem chegar a terra firme. Dois anos antes, Cuba foi atingida por três furacões. Gustav, Ike e Paloma deixaram perdas estimadas por Havana em cerca de US$ 10 bilhões, que agravaram seriamente suas dificuldades financeiras.
A temporada de ciclones vai até novembro, e os riscos para Cuba quanto à frequência de tempestades se agrava de agosto a outubro. O nome próprio é dado a partir da fase de tempestade tropical. A primeira do ano se chamará Arlene e a última Whitney. Cada ciclone tropical se classifica segundo a intensidade de seus ventos máximos sustentados. Depressão tropical é quando os ventos chegam até a 62 quilômetros por hora; tempestade tropical quando ficam entre 63 e 117 Km/h, e furacão quando superam os 118 Km/h.
Já os furacões de categoria um têm ventos máximos sustentados entre 119 e 153 quilômetros por hora, os de categoria dois entre 154 e 177 Km/h, e os de categoria três entre 178 e 209 Km/h. A categoria quatro tem ventos entre 210 e 249 Km/h e os que passam dos 250 Km/h pertencem à categoria cinco. Envolverde/IPS