Degelo no Ártico acelera aquecimento mais do que o previsto
Um artigo publicado pela revista “Nature” informou na quarta-feira, 30 de novembro, que a quantidade de gases-estufa liberados até 2100 pelo derretimento do solo congelado do Ártico, chamado de Permafrost, poderá ser até cinco vezes maior do que tinha sido previsto.
Um artigo publicado pela revista “Nature” informou na quarta-feira, 30 de novembro, que a quantidade de gases-estufa liberados até 2100 pelo derretimento do solo congelado do Ártico, chamado de Permafrost, poderá ser até cinco vezes maior do que tinha sido previsto. O volume liberado é comparável ao dos gases causadores de efeito estufa resultante do desmatamento, mas o impacto no clima seria 2,5 vezes maior, já que grande parte do gás emitido será metano (CH4), com efeito, 25 vezes maior sobre o aquecimento global do que o dióxido de carbono (CO2).
O permafrost cobre permanentemente cerca de um quarto das terras do hemisfério norte. Trata-se de uma reserva gigantesca de carbono orgânico, que contém restos de plantas e animais que foram se acumulando durante séculos. Com o degelo deste solo, estes materiais começam a se decompor, liberando na atmosfera parte deste carbono, na forma de metano e dióxido de carbono.
A publicação deste artigo coincide com a realização da 17ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre o Clima (COP-17), inaugurada na segunda-feira (28) em Durban, África do Sul, e que visa a dar um novo impulso às negociações sobre o Protocolo de Kyoto.
A afirmação é de mais de 40 cientistas da Rede de Carbono do Permafrost, liderados por Edward Schuur e Benjamin Abbott, em artigo na revista científica “Nature”. De acordo com a equipe de cientistas, a falta de estudos fez com que, a quantidade certa de carbono contido no permafrost fosse subestimada, assim como seus potenciais efeitos sobre o clima global.
Os cientistas usam avançados modelos climáticos no computador. Eles trabalham com dois cenários, um em que as temperaturas globais sobem muito e outro em que o aumento é moderado. Em ambos os casos, a cobertura do permafrost diminui consideravelmente. Embora a maior parte do carbono deva ser liberada na forma de CO2.
“As maioria das pesquisas fala muito das emissões de desmatamento e combustíveis fósseis. Esse artigo mostra, cada vez mais, que o derretimento do permafrost é um fator importante para a mudança climática”, afirma o climatologista do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) José Marengo.
De acordo com Marengo, é preciso haver mais estudos sobre a quantidade de gases-estufa liberados. “Sem isso, pode-se ter o melhor modelo de computador que não vai adiantar. O resultado final vai ser uma generalização.”
*publicado originalmente no site EcoD.




