Desejo começar nossa reflexão a partir da definição de David Collier & Stephen Levitsky sobre o que é democracia:
“Regime político em que os principais cargos públicos, no âmbito nacional, são preenchidos por meio de eleições em que há competição entre diferentes partidos políticos e em que há participação, direito ao voto, combinados com a ausência de fraude eleitoral maciça e com a presença de garantias efetivas de liberdades civis, como as liberdades de expressão, de reunião e de associação.”
Infelizmente, somos um povo que não exercita a cultura de pertencimento, logo não sabemos o que é cobrar os deveres de um voto.
Delegamos poder, não acompanhamos e muito menos cobramos a execução de promessas realizadas em campanhas publicitárias de políticos e partidos.
E para que precisamos de tantos partidos políticos, se nossa situação social continua sendo o lado mais fraco do triple bottom line?
Falta vontade política no exercício dos valores éticos e, principalmente, o diálogo, mas sobram pilantras que, em beneficio próprio, ensinam o How To Do, uma ONG para desviar o dinheiro do próprio cidadão.
Fico indignado com a qualidade dos serviços que são disponibilizados para a população em geral. Vivemos uma completa inversão de valores, pois ainda assim, somos criticados por certas atitudes que são o resultado de uma herança cultural pobre e cheia de medo do que possa acontecer amanhã.
O povo paga o preço de sua ignorância: impostos exorbitantes que não sanam velhos problemas, que a mídia diariamente nos impacta com pessoas morrendo nas filas dos hospitais, sendo maltratadas pelo transporte público, o descaso com o desenvolvimento humano de nossos educadores e profissionais da saúde, sem falar dos altos salários para congressistas que não estão preocupados com o bem-estar social.
É emergencial a valorização da democracia para que sejam respeitados os direitos humanos. Aliás, onde deixamos de ser humanos?
Acredito que o governo brasileiro, em todas as instâncias, necessite fazer uma reestruturação de seus recursos humanos, pois as pessoas é que são o problema. Devemos ter ali gestores que consigam trabalhar com o poder sem se tornarem vítimas dele próprio, que saibam planejar e medir resultados, que tenham motivação e um objetivo no final do dia, que realmente queiram transformar, pois é disso que precisamos.
* Valdir Cimino é presidente do Viva e Deixe Viver, diretor da CS. PRO – Comunicação Sustentável e educador da Faculdade de Comunicação e Marketing da Fundação Armando Álvares Penteado (Facom/FAAP). Site: www.valdircimino.com.br. E-mail: [email protected].
** Publicado originalmente no site EcoD.