Rio de Janeiro, Brasil, 22/6/2012 (TerraViva) – O desafio de aliviar a fome de cerca de 900 milhões de pessoas em todo mundo é uma das prioridades das Nações Unidas.
O secretário geral da ONU, Ban Ki-Moon, convidou os participantes da Rio+20 a enfrentarem conjuntamente os cinco objetivos do programa Fome Zero: propiciar 100% de acesso a alimentação adequada em todo o mundo, eliminar a desnutrição entre crianças com até dois anos, tornar sustentáveis todos os sistemas alimentares, aumentar em 100% a produtividade e renda dos pequenos produtores e eliminar a perda e o desperdício de alimentos.
Os chefes de Estado, empresários e representantes dos agricultores presentes no encontro promovido pela FAO, Biodiversidade Internacional, Fundo Internacional para o Desenvolvimento da Agricultura (IFAD, da sigla em inglês), Banco Mundial e Programa Mundial de Alimentos (WFP em inglês) no Riocentro repetiram uma palavra-chave: resiliência.
O presidente de Niger, Mahamadou Issoufou, salientou a necessidade de não apenas superar as crises, mas de aprender com os erros e prevenir, com políticas de agricultura adequadas e apoio logístico, que outras crises aconteçam.
Não basta receber doações, é preciso ensinar as pessoas o que fazer com elas, disse Issoufou. E citou o caso de mulheres que estão trabalhando em projetos de retenção para enfrentar os períodos entre a colheita e a seca. “Quando as mulheres têm renda, suas crianças comem”, observou.
O país desenvolve um projeto se segurança alimentar com o objetivo de aumentar a produção de cereais e restaurar os ativos produtivos. A primeira fase do projeto tratou de recuperar os bens de produção e criar bancos de alimentos. A segunda etapa pretende ampliar a produção local, com a reabilitação de algumas áreas. Sua estratégia foi o Plano 3N (Nigerians nourish Niguerians, ou nigerianos alimentam nigerianos).
Os participantes concordaram que o grande problema da fome não é tanto a falta de comida, como sua distribuição e a capacidade de armazenamento para evitar as perdas e os desperdícios, associando saúde e segurança nutricional com soberania alimentar.
Neste contexto, Esther Penunia, secretária geral da Associação dos Fazendeiros Asiáticos, lembrou que as organizações de agricultores familiares são os pilares da mudança social e do desenvolvimento sustentável. Apesar de serem responsáveis por grande parte da produção mundial, enfrentam a pobreza.
“É preciso que estejam organizados para exigir seu direito à água, à semente e à terra. Atuando de forma coletiva, eles têm mais poder de negociar com o mercado melhores preços e condições para continuarem produzindo”, resumiu.
José Graziano da Silva, diretor geral da FAO e um dos responsáveis pelo projeto Fome Zero implantado no Brasil em 2003 e 2004, disse que o programa da entidade não é novo, mas a meta ousada pressupõe assumir conjuntamente um compromisso político, mobilizando a sociedade.
* Publicado originalmente no site TerraViva.