A sociedade está dividida entre duas visões diferentes de mundo. A grande maioria ainda mantém um pé no velho mundo, que conhecem e dominam bem, do alto consumo e grande pegada carbônica, mas já começamos a trilhar por novos caminhos, um mundo novo que se anuncia chamado sustentabilidade, onde as atividades precisam ser não só viáveis economicamente, mas também ambientalmente sustentáveis e principalmente, socialmente justos.
Tudo que é novo assusta. Então, não é de se estranhar que muitos ainda vejam a mudança com desconfiança. Entretanto, o velho mundo não consegue mais oferecer certas soluções quando a sociedade continua cobrando progresso e desenvolvimento, mas não mais ao preço de arrasar com o Planeta e gerar exclusão social.
A sociedade ainda balança entre essas duas visões de mundos, ao sabor das suas escolhas que a fazem inclinar mais para um lado ou para o outro. Mas a cada novo desastre ambiental, a cada novo índice que revela o quanto estamos sendo displicentes e irresponsáveis com o Planeta, mais a sociedade se conscientiza da necessidade da mudança.
A mídia exerce um papel muito importante neste processo de mudança, pois ao informar contribui para a reflexão e a tomada de consciência e isso influencia diretamente nas escolhas. Entretanto, entre tomar consciência e mudar práticas, ainda existe um longo caminho a ser preenchido com muito esforço e capacidade de lidar com as frustrações entre o que desejamos e o que conseguimos alcançar.
Produtos e tecnologias limpas e sustentáveis já existem, mas são mais caras, por que não externalizam seus custos socioambientais para a sociedade, ao contrário da velha economia, que segue tentando capitalizar lucros enquanto socializa prejuízos.
A sustentabilidade ainda tem um longo caminho a percorrer para sair do campo das utopias e ocupar o espaço da velha economia, mas precisará encarar o desafio de promover a inclusão socioeconômica de milhões de excluídos que tem todo o direito de consumir mais, ou mesmo de consumir algo, sendo que só temos um Planeta de recursos naturais, e eles são finitos. Para muitos ecossistemas, animais e seres humanos quando a sustentabilidade chegar, já terá sido tarde demais, ainda assim, a humanidade não tem alternativa a não ser mudar, ou corre riscos até mesmo de provocar sua própria extinção.
A velocidade da mudança para este novo mundo passa por políticas públicas e por maior prioridade de investimento em pesquisa científicas e tecnológicas que dêem mais qualidade de vida aos excluídos com menos consumo, mas também passa pela criação de mecanismos democráticos e de mercado que consigam penalizar quem consome demais.
Precisaremos ainda de uma nova comunicação, pois a antiga esteve comprometida com o velho modelo e com falsos valores baseado na felicidade através do consumo. Foi através dela que as falsas promessas de progresso e de felicidade foram divulgadas, e agora a comunicação precisa se renovar e oferecer novas idéias, para a sustentabilidade, a fim de ajudar a sociedade a aumentar a velocidade de suas escolhas para o novo mundo, retirando de vez o pé do mundo antigo e ultrapassado e descubra como ser mais feliz com menos consumo.
* Vilmar Sidnei Demamam Berna é escritor e jornalista, fundou a Rebia (Rede Brasileira de Informação Ambiental) e edita, deste janeiro de 1996, a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente) e o Portal do Meio Ambiente. Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas.