"Desta vez seremos imbatíveis": o novo navio do Greenpeace

Está pronto o novo Rainbow Warrior, do Greenpeace, um barco com uma sala de rádio blindada, que resiste ao ataque de forças especiais. Uma obra-prima dos estaleiros alemães Fassmer: terá vela, motor elétrico e também a diesel.

[media-credit name=”Greenpeace” align=”alignright” width=”300″][/media-credit]Tremei, massacradores de baleias; tremei, superpotências velhas e novas, ansiosas para testar suas bombas atômicas; tremei, todos os inimigos da natureza e do meio ambiente! O Rainbow Warrior, o guerreiro do arco-íris, em suma, o mítico navio com que os ecopiratas não violentos do Greenpeace sempre os desafiaram, muitas vezes arriscando a morte, deve voltar a sulcar os mares.

E desta vez será um inimigo mais insidioso, difícil de deter: não mais um pesqueiro readaptado, mas sim um novo barco totalmente novo, ecológico e também hipertecnológico como um moderno navio de guerra. Construído para não poluir e com uma sala de rádio para resistir por pelo menos meia hora a qualquer ataque de forças especiais.

“Não será só o nosso novo navio principal. É um barco muito moderno, cheio de tecnologias sofisticadas, encarna os nossos valores e a nossa vontade de lutar pelo meio ambiente”, disse Mike Townsley, do Greenpeace International, apresentando o Rainbow Warrior III, pronto para o lançamento.

Os últimos retoques estão sendo feitos em Berne-Motzen, não muito longe de Bremen, pelos operários do estaleiro naval Fassmer. É uma empresa familiar, especializada na construção de navios ultraecológicos e pós-modernos. “É uma tarefa especial trabalhar para o Greenpeace. Causou-nos muitas dores de cabeça e enxaquecas”, diz Uwe Lampe, designer chefe do Rainbow Warrior III. “Construímos um navio que responde às mais severas normas ecológicas, de segurança e de nível tecnológico, até à obrigação de aquisição apenas de materiais produzidos na Europa, segundo normas ecológicas: nada de aço chinês ou russo”.

O Rainbow Warrior III será o terceiro navio principal na história das flotilhas ecopiratas não violentas do Greenpeace. O anterior já não era mais reparável. Mas, acima de tudo, a memória corre para o primeiro Rainbow Warrior, aquele que, no quente verão de 1985, zarpou rumo ao Oceano Pacífico: o objetivo era protestar contra os testes nucleares franceses na Polinésia. Em plena Guerra Fria, Paris estava teimosamente determinada a modernizar a Force de Frappe, isto é, as mais de 300 ogivas do seu arsenal estratégico. O Greenpeace lançou em campo seus voluntários a bordo daquele velho pesqueiro. Parecia uma aventura, mas acabou em tragédia. Às 23h50 do dia 10 de julho de 1985, enquanto a tripulação festejava o aniversário de um deles, duas violentas explosões rasgaram o casco. O fotógrafo Fernando Pereira, que acompanhava a expedição, foi morto.

Não foi um acidente. Os homens-rã dos serviços secretos franceses haviam passado para a ação. Liderados por uma mulher, a capitã Dominique Prieur, filha de um herói da Resistência morto pelos nazistas. Foi um escândalo internacional: o ministro da Defesa, Charles Hernu, amigo do peito do então presidente François Mitterrand, teve que renunciar, e a vergonha da emboscada terrorista contra os ecopacifistas manchou a imagem da França.

Agora, neutralizar o novo Rainbow Warrior, danificá-lo ou até persegui-lo e bloqueá-lo no mar será bem mais difícil. A obra-prima dos estaleiros Fassmer, de 58 metros de comprimento, terá velas, mas também uma propulsão híbrida: motor elétrico para a velocidade de cruzeiro de dez nós e um motor a diesel para acelerar até 15 nós. Estação de tratamento de água, instalação de reciclagem dos resíduos e diversas outras tecnologias modernas permitirão aos 33 voluntários previstos para cada missão uma autonomia absoluta de viagem e de ação de pelo menos quatro semanas.

Um helicóptero poderá pousar sobre o novo Rainbow Warrior, e a arma secreta para informar o mundo sobre as más ações dos inimigos do meio ambiente será a sala de rádio: blindada, construída de modo a poder resistir por pelo menos meia hora aos soldados de forças especiais. No dia 4 de julho, o navio pirata do arco-íris será inaugurado e em outubro entrará em ação.

Reportagem: Andrea Tarquini.

Tradução: Moisés Sbardelotto.

* Publicado originalmente no jornal La Repubblica e retirado do site IHU On-Line.