Dieta, estilo de vida e ganho de peso

[media-credit name=”Olga Vlahou” align=”alignleft” width=”300″][/media-credit]
Pequenas mudanças de comportamento podem conter a epidemia de obesidade que se alastra pelo mundo.

O turista assusta-se com o número de pessoas obesas nos Estados Unidos. Não é preciso ser epidemiologista para reconhecer a epidemia de obesidade, ela desfila pelas ruas: 70% dos americanos adultos estão com excesso de peso, 30% são obesos e 10% caem na faixa da obesidade grave. Poucos percebem, no entanto, que nós seguimos o mesmo caminho: metade dos brasileiros está com excesso de peso ou obesidade. Nesse ritmo, em duas décadas chegaremos à mesma situação.

Acaba de ser publicado no The New England Journal of Medicine o estudo mais abrangente para identificar os alimentos e o estilo de vida que mais contribuem para engordar. Foram estudados três grupos. O primeiro, representado pelo Nurse’s Health Study, é formado por 121.701 enfermeiras norte-americanas acompanhadas desde 1976. O segundo, o Nurse’s Health Study II, organizado em 1989, reúne 116.686 enfermeiras mais jovens. O terceiro, o Health Professional Follow-up Study, acompanha desde 1986 um grupo de 51.529 homens que trabalham na área de saúde.

A cada dois anos, esses 289.916 participantes responderam questionários para avaliar problemas de saúde, dieta e estilo de vida (atividade física, fumo, horas diante da tevê, ingestão de álcool e duração do sono). Na dieta foram analisados os consumos de frutas, legumes, saladas, grãos integrais e refinados, batatas (chips, fritas ou cozidas), derivados de leite integral e desnatado, refrigerantes diet e açucarados, gordura trans e bebidas alcoólicas.

Confira o resumo dos resultados.

1. A cada quatro anos, cada participante engordou em média 740 gramas. Em 20 anos, o ganho médio foi de 7,6 quilos.

2. Em ordem decrescente, os alimentos mais associados ao aumento de peso foram: batata, bebidas, doces e carnes não processadas.

3. Quando as diversas formas de preparar as batatas foram avaliadas separadamente, as que mais provocaram aumento de peso foram as chips, seguidas das fritas, e das assadas ou cozidas.

4. O ganho de peso associado ao consumo de grãos refinados foi semelhante ao de doces.

5. Estiveram relacionados à perda de peso o consumo mais farto de vegetais, grãos integrais, frutas e iogurtes.

6. Os que aumentaram a atividade física ganharam menos peso (800 gramas a menos em quatro anos) que os sedentários.

7. O número de drinques alcoólicos tomados diariamente guardou relação direta com o aumento de peso, mas houve grande variabilidade quanto ao tipo de bebida e as quantidades ingeridas nos 20 anos de acompanhamento.

8. Dormir menos que seis horas ou mais que oito horas por noite, provocou aumento de peso.

9. Os que haviam deixado de fumar nos últimos quatro anos ganharam em média 2,34 quilos. Daí em diante os ganhos foram pequenos. Os que continuaram a fumar perderam em média 310 gramas, número que pode estar relacionado com a maior incidência de doenças crônicas.

10. Embora cada fator relacionado com o estilo de vida tenha tido pequeno impacto na variação de peso, mudanças na dieta e na prática de atividade física, em conjunto, foram responsáveis por grandes diferenças na perda ou ganho de massa.

11. Sucos de frutas naturais causaram aumento de peso, porém menos que os refrigerantes açucarados.

12. Quanto maior o número de horas assistindo à tevê, maior o número de quilos acumulados.

13. A maioria dos alimentos associados ao ganho de peso apresenta alto teor de carboidratos refinados.

A ingestão de apenas 50 quilocalorias a 100 quilocalorias em excesso todos os dias, é suficiente para explicar o aumento de peso gradual que a maioria das pessoas acumula no decorrer dos anos. Isso quer dizer que pequenas mudanças na dieta e na prática de atividade física podem reverter o balanço energético que conduz à obesidade.

* Publicado originalmente no site da revista Carta Capital.