Dor crônica é cada vez mais comum em crianças e adolescentes

De acordo com estudo canadense, feito com base em revisão da literatura sobre a incidência de dor crônica em crianças e adolescentes, mais crianças estão sofrendo desta condição. E as meninas são as mais afetadas.

Pesquisadores da Universidade Dalhousie e do Centro de Saúde IWK, no Canadá, examinaram sistematicamente estudos epidemiológicos sobre dor para avaliar os progressos realizados desde a primeira revisão, realizada em 1991. Para chegar nos resultados, eles identificaram um conjunto de critérios para avaliar a qualidade dos estudos incluídos na revisão. Foram observados 32 estudos, categorizados de acordo com o tipo de dor pesquisada: dor de cabeça, abdominal, dor nas costas, dor músculo-esquelética, dor combinada e dor geral.

As descobertas, publicadas no periódico Pain, indicam que a maioria dos tipos de dor são mais prevalentes nas meninas do que nos meninos, mas os fatores que influenciam essa diferença de gênero não estão totalmente claros. As taxas de prevalência da dor tendem a aumentar com a idade.

Já as variáveis psicossociais que impactaram a prevalência da dor incluíram ansiedade, depressão, baixa autoestima e baixo nível socioeconômico. Eles apontam também que a dor de cabeça era o tipo de dor estudado mais comum na juventude, com uma taxa de prevalência estimada de 23%. Outros tipos de dor foram menos frequentemente estudadas do que a dor de cabeça, e as taxas de prevalência são variáveis por causa das diferenças nos relatórios. No entanto, os resultados globais indicaram que estes tipos de dor são muito constantes em crianças e adolescentes, com taxas de prevalência média variando de 11% a 38%.

“Estas taxas são muito preocupantes, mas o que é ainda mais preocupante é que a pesquisa sugere que as taxas de prevalência de dor na infância têm aumentado ao longo das últimas décadas”, diz Sara King, principal autora do estudo.

Sara e sua equipe descobriram também que muitos estudos não preencheram os critérios de qualidade estabelecidos e houve grande variação nas taxas de prevalência entre os estudos devido aos períodos de tempo nos quais a dor foi relatada. Os autores sugerem que futuros estudos epidemiológicos nesta área são necessários e precisam de melhor definição operacional da dor e de melhores medidas da intensidade da dor, de sua frequência e duração. Tais critérios de qualidade entre todos os estudos permitiriam uma comparação direta.

A revisão identificou vários fatores demográficos e psicossociais associados às altas taxas de prevalência dos tipos de dor específicos. “Ao mudar o foco para os fatores associados à dor crônica e recorrente, pode ser possível identificar os fatores de risco mais importantes, levando a intervenções precoces e intensivas para a maioria dos grupos de risco”, conclui King.

* Publicado originalmente no site O que eu tenho.