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É brincando que se aprende

As salas do Jardim da Infância mudaram. Antes cheias de brinquedos, blocos de montar, desenhos e tintas, hoje elas são ocupadas por computadores em pequenas escrivaninhas. Isso foi o que constatou Sarah Wilson, uma mãe norte-americana, ao visitar a escola dos filhos. Sarah foi uma das entrevistadas do jornal The New York Times para uma matéria sobre o movimento pelo resgate da brincadeira criativa.

Entre os dados levantados, fica claro que as crianças passam hoje mais tempo em frente às telas e menos tempo envolvidas em jogos e brincadeiras. No Brasil, os pequenos passam uma média de cinco horas por dia em frente à TV, segundo pesquisa do Ibope de 2010, isso sem falar no tempo passado em computadores e celulares.

Problemas como a violência intimidam pais a deixar seus filhos sair de casa, fazendo com que a criança passe mais tempo ocupada com esportes e outras atividades organizadas, deixando pouco tempo para o exercício da criatividade.

Cientistas, psicólogos e educadores ressaltam a importância do brincar no desenvolvimento infantil. É por meio da brincadeira que as crianças desenvolvem aptidões sociais e intelectuais, que serão essenciais para sua vida adulta. Elas também aprendem a controlar seus impulsos, a resolver problemas, a pensar criativamente e a trabalhar em equipe. Vale também lembrar que o brincar é a linguagem da criança e é por meio da brincadeira que ela se expressa.

“O brincar é natural do ser humano, mas vem sendo desvalorizado pela sociedade atual. O reflexo disso aparece traduzido em recreios silenciosos, onde cada criança brinca sozinha com seus aparelhos tecnológicos, e festas infantis passadas dentro de limusines ou em spas”, alerta Lais Fontenelle, coordenadora de Educação e Pesquisa do Criança e Consumo.

Se por um lado o brincar vem perdendo seu valor na sociedade contemporânea, o “comprar” segue cada vez mais valorizado. Com a mudança de eixo do brincar para o comprar, a criança é cada vez mais inserida no mundo adulto, perdendo uma fase que é essencial para o seu desenvolvimento: a infância.

Neste quadro, cabe aos pais e educadores voltarem a priorizar o brincar. A criança precisa de tempo para liberar sua criatividade, sem ficar presa a um horário preenchido com outras atividades. Casa e escola devem ser espaços onde o jogo e o lúdico são estimulados.

Leia a matéria no The New York Times sobre o resgate da brincadeira criativa

Veja o especial do Criança e Consumo, A Importância do Brincar

* Publicado originalmente no site Instituto Alana.