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Ebola pisoteia o tabuleiro do desenvolvimento em Serra Leoa

Estudantes caminham ao lado de seus pais em Freetown. O ebola afetou seriamente a educação no país. Foto: Lansana Fofana/IPS
Estudantes caminham ao lado de seus pais em Freetown. O ebola afetou seriamente a educação no país. Foto: Lansana Fofana/IPS

 

Freetown, Serra Leoa, 18/11/2014 – O mortal foco de ebola em Serra Leoa já inclui entre suas vítimas o avanço desse país da África ocidental para o cumprimento de seus objetivos de desenvolvimento. A agricultura, pilar da economia, é a mais afetada, pois muitos produtores rurais sucumbiram à doença e muitos outros abandonaram seus cultivos por medo de contrair o vírus.

“Perdemos centenas de agricultores por causa da epidemia de ebola. E as regiões onde há atividades agrícolas, como Kailahun no leste e Bombali no norte, se converteram em epicentros da pandemia”, detalhou à IPS o ministro de Agricultura e Segurança Alimentar, Joseph Sam Sesay. O vírus matou 4.059 pessoas até o começo deste mês, superando a vizinha Libéria, que até então era o país mais afetado por esse flagelo.

Sesay afirmou que 60% dos seis milhões de habitantes do país realizam tarefas agrícolas, mas que em consequência da crise agora há muitos desempregados. E acrescentou que o setor também representa 60% do produto interno bruto de Serra Leoa.  Porém, com a atual epidemia, cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, que entre suas metas estabelece erradicar a fome e a pobreza, é um sonho inalcançável.

“Tivemos êxitos significativos antes de enfrentar o problema do ebola. A produtividade de alimentos aumentara enormemente, e os alimentos locais eram abundantes nos mercados. Inclusive, havíamos começado a exportar cultivos comerciais como arroz e cacau para países vizinhos. Mas tudo foi aniquilado”, destacou o ministro.

Quando o presidente Ernest Bai Koroma chegou ao poder, em 2007, fez da agricultura uma das principais prioridades de seu projeto de desenvolvimento, o qual chamou de “agenda para a mudança e a prosperidade”. Sócios bilaterais, entre eles China e Índia, doaram centenas de tratores e outras máquinas agrícolas para ajudar a estimular o avanço do país para a segurança alimentar.

Mas atualmente não há nenhum produtor trabalhando, e os especialistas preveem que haverá escassez de alimentos se a epidemia de ebola não for contida rapidamente. “Parei com minhas atividades agrícolas temporariamente. Mais de 15 de meus colegas morreram de ebola e não posso correr o risco de continuar indo à fazenda. A situação é atemorizante”, contou à IPS o agricultor Musa Conteh, do distrito de Bombali.

O setor da saúde também foi severamente afetado pela epidemia. Embora essa nação do oeste da África tenha um programa gratuito de atenção à saúde de cr