A Brookings Institution lançou ontem o primeiro relatório abrangente e sistemático sobre a economia limpa no EUA. Ela gera mais empregos que a indústria de combustíveis fósseis.
Já é maior que a indústria de biociências, mas menor que a de TI. Gera mais empregos que a economia tradicional, mesmo crescendo a taxas inferiores. É responsável pela adição de quase 3 milhões de empregos diretos na economia do EUA, exatamente no período de crise da economia tradicional. Concentra-se nas regiões metropolitanas, onde o desemprego tradicional é maior. É urbana, industrial, empregadora, limpa e exportadora.
Está demonstrando forte dinamismo, levou algum tempo para decolar, mas decolou. Ainda precisa de um empurrão adicional do governo para se firmar.
Esse retrato da economia verde tem grande importância política, econômica e ambiental.
Política, porque mostra que o presidente Obama estava certo em apostar na geração verde de empregos. Esses resultados fortalecem sua política e lhe darão argumentos para a campanha pela reeleição. Parte desses resultados decorre do forte investimento em pesquisa e desenvolvimento e a subsídios ao desenvolvimento desta nova indústria, um esforço pessoal de Obama.
Muito diferente do que fazemos aqui, onde o BNDES desperdiça recursos públicos com frigoríficos que desmatam, supermercados que têm elevadas margens de lucro, siderúrgicas associadas a termelétricas.
A importância econômica dos números contidos nesse relatório está no fato de que eles permitem entender melhor a dinâmica da economia verde. O fato de ela ser fortemente industrial, metropolitana e geradora de empregos desenha novo perfil para a economia urbana. A velha economia, de alto carbono, poluía o ar, a água e o solo das grandes regiões metropolitanas e gerava cada vez menos empregos. Além de ser uma das principais fontes de gases estufa. A nova é limpa e ajuda a redinamizar as regiões metropolitanas.
O estudo mostra que a economia de baixo carbono leva certo tempo para deslanchar, mas depois que deslancha adquire muito dinamismo. Ela depende de investimentos em ciência e tecnologia, incentivos à pesquisa e desenvolvimento e apoio a empresas nascentes (startups).
Sua importância ambiental é clara: além de ser limpa, produz produtos limpos. Cria cadeias produtivas limpas que contribuem para a redução dos gases de efeito estufa, para a despoluição e para melhoria da qualidade do ar e da água.
* Para ouvir o comentário do autor na rádio CBN clique aqui.
** Publicado originalmente no site Ecopolítica.