Segundo especialistas, a prática pode representar um incremento médio de 300% em produtividade.
Nos últimos anos, os investimentos em tecnologia e inovação vêm se mostrando decisivos para o aumento da produtividade no meio rural. O EIMA 8 reuniu especialistas, representantes de governos e membros da iniciativa privada em um workshop para discutir os rumos nacionais e internacionais da agricultura irrigada. Participaram dos debates o secretário de Irrigação do Ministério da Integração Nacional do Brasil, Ramón Gomes Rodrigues, o subdiretor-geral de Irrigação do Ministério de Meio Ambiente, Meio Rural e Marinho da Espanha, Joaquín Chaparro, o diretor da Câmara Setorial de Equipamentos da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Antônio Alfredo Mendes, o diretor da Comissão Nacional de Irrigação do Chile, Felipe Martín, e o diretor da Power Eletronics, Amadeo Salvo.
De acordo com estudos apresentados pelo secretário Ramón Rodrigues, existe uma tendência de alteração no padrão de consumo de alimentos da população mundial para os próximos anos. A demanda por cereais deve crescer mais lentamente ao passo que a procura por frutas, vegetais, carnes e laticínios, que são produtos de maior valor agregado e que demandam maior consumo de água e energia para a produção, deve aumentar gradativamente. “Nessa perspectiva, a visão sobre a forma atual de se desenvolver a irrigação deverá ser alterada”, explica Rodrigues.
Segundo o primeiro relatório da FAO sobre a situação de águas e terras destinadas à irrigação, a demanda por alimentos e as mudanças climáticas exigirão investimentos de mais de US$ 1 trilhão em irrigação agrícola e preservação do solo em países em desenvolvimento, até 2050. Ainda de acordo com o relatório, a produção agrícola mundial cresceu até 300% nos últimos 50 anos, enquanto a área cultivada apenas 12%. Neste período, mais de 40% do aumento da produtividade agrícola ocorreu em áreas irrigadas, que dobraram em superfície.
No Brasil, segundo dados do último censo agrário, a área atualmente destinada à irrigação é de aproximadamente 4,455 milhões de hectares, enquanto o potencial irrigável pode chegar a 29,564 milhões de hectares. “No país, a produção de cana-de-açúcar, arroz, soja e milho é a que mais vem se utilizando de áreas irrigadas”, acrescenta Rodrigues. Chaparro comentou também sobre a experiência espanhola no setor. “Na Espanha, 55% da produção ocupa apenas 16% das superfícies cultiváveis. Temos realizado esforços comuns entre governo e a iniciativa privada para aumentar o intercâmbio de conhecimento, tecnologia e de experiências, o que tem sido fundamental.”
Apesar dos incrementos em produtividade que a agricultura irrigada pode trazer, o que chega a superar em 3 a 3,5 vezes a agricultura comum, existem diversos desafios a serem superados para a maior difusão dessa prática. Dentre os principais, estão a dificuldade de acesso a novas tecnologias e de ampliação da produção sem expandir as áreas agricultáveis e sem causar impactos ambientais, e a escassez de solos aptos e de água. No Brasil, segundo Rodrigues, os principais entraves para a expansão da agricultara irrigada se devem às dificuldades de adequação dos empreendimentos à legislação ambiental, à oferta de infraestrutura nas áreas potenciais e à disponibilidade de crédito.