Emissões globais de gases de efeito estufa cresceram em 2010

As emissões globais de gases estufa cresceram 6% entre 2009 e 2010. É demais. Ainda mais, em um ano em que as economias desenvolvidas não estavam bombando. Cresceram nos principais países desenvolvidos e nas maiores economias emergentes.

Este crescimento mostra a insuficiência das políticas domésticas de controle de emissões e a ineficácia do Protocolo de Quioto, do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e do mercado de carbono para obter a redução das emissões. Indica também que as economias emergentes não podem ficar fora de qualquer regulação para governança climática global, ancorada em um acordo global vinculante sobre o clima. Fortalece a ideia de que o caminho mais efetivo para obter esse resultado é o encontrado pela Austrália: um imposto sobre o carbono, reforçado pode regulação mais efetiva. Uma vez adotados localmente o imposto e o arcabouço regulatório, seria o caso mesmo de consolidá-los em um sistema legal global.

Está claro também que o EUA dificilmente conseguirá controlar suas emissões, enquanto não tiver uma política federal. A falta de uma regra federal cria muita desigualdade na federação, que ameaça a legitimidade das políticas estaduais. Estados como a Califórnia, que têm reduzido suas emissões, não têm compensação alguma pelo esforço e as emissões nacionais aumentam porque outros estados nada fazem para reduzir as suas.

A análise dos dados mostra que: 1. as emissões globais cresceram e cresceram em todas as regiões do mundo; 2. onde mais cresceram foi na região Ásia Pacífico, por causa da China, da Índia, da Coreia e do Japão; 3. na América Central e do Sul, segundo maior crescimento, quem puxou o aumento das emissões foram Brasil e Peru (no Peru, principalmente por causa do desmatamento; no Brasil todos os setores contribuíram); na América do Norte, EUA foi o maior responsável pelo crescimento das emissões, no México elas caíram e no Canadá cresceram praticamente metade do que cresceram no EUA; na Europa/Eurásia, o maior crescimento foi da Rússia, mas na Alemanha e no Reino Unido, elas aumentaram quase 4%.

Veja os gráficos: eles mostram o crescimento global e por regiões; nos principais países desenvolvidos no e nos países do BASIC mais a Rússia, parte dos BRICs.

* Publicado originalmente no site Ecopolítica.