Empresas de países emergentes tentam criar marcas globais

Mercados emergentes estão em ascenção. Foto: Reprodução/Brett Ryder.

Empresas de mercados emergentes estão se desenvolvendo do mesmo jeito que as firmas japoneses o fizeram nas décadas de 60 e 70

Os americanos podem parar de se preocupar com os planos da China de tomar o controle do seu país. O pior já aconteceu: em 25 de julho, a Lenovo, uma fabricante de computadores chinesa, anunciou um contrato de patrocínio com a National Football League. Os EUA continuarão a fornecer os musculosos jogadores de futebol americano, mas são os chineses que fornecerão os potentes laptops para tornar suas táticas possíveis.

A Lenovo foi fundada em 1984 por 11 engenheiros da Academia de Ciências da China que queriam complementar os seus parcos salários. A companhia passou anos fazendo negócios na China. Mas em 2005 irrompeu no cenários internacional – e inquietou o Congresso Americano – ao comprar a área de computadores pessoais  da IBM. Hoje em dia a empresa é a segunda maior fabricante de PCs do mundo e espera usurpar o ouro da Hewlett-Packard em breve.

A Lenovo é uma dentre várias empresas de mercados emergentes que estão se empenhando em se tornar marcas globais. Elas não se satisfazem mais em fazer o trabalho duro para as empresas ocidentais por duas simples razões: empresas sem marcas conhecidas geralmente auferem margens brutas de 3-8% e correm o risco constante de serem superadas por uma concorrente que ofereçapreços mais baixos. Já as empresas que detêm marcas globais gozam de margens maiores (15% ou mais) e têm clientes mais fieis.

Não há dúvida de que marcas de mercados emergentes estejam em ascensão. A HTC é uma das maiores vendedores de smartphones nos EUA. A Huawei, uma empresa chinesa, acabou de superar a sueca Ericsson como maior produtora de aparelhos de telecomunicação do mundo. A BYD, outra empresa chinesa, produz 85% das baterias de lítio para telefones celulares do mundo.

As empresas de mercados emergentes estão se desenvolvendo do mesmo jeito que as firmas japoneses o fizeram nas décadas de 60 e 70, indo de humildes costureiros a mestres alfaiates. Em 1985, Philip Kotler da Faculdade de Marketing  Kellog da Universidade NorthWestern assinalou que as empresas japoneses tinham deixado de provocar pequenos incômodos às empresas ocidentais e passaram a confrontá-las abertamente. O mesmo padrão está começando a se repetir, mas numa escala muito maior.

* Publicado originalmente no jornal The Economist e retirado do site Opinião e Notícia.