Para o Dia Mundial da Alimentação, celebrado em 16 de outubro, a organização de combate à pobreza ActionAid lança no Brasil o vídeo “Biocombustíveis: energia não alimenta”, um pequeno documentário sobre os impactos da expansão de áreas de monocultura para a produção de etanol sobre as plantações de pequenos agricultores familiares do assentamento Roseli Nunes, em Mirassol d’Oeste, no Mato Grosso. São centenas de famílias prejudicadas pelo uso extensivo do solo e da água, além de grandes quantidades de agrotóxicos. A agricultura familiar é responsável por 70% dos alimentos consumidos hoje no país. Num dos depoimentos, a agricultora Miraci Pereira da Silva diz: “Enquanto nós temos a preocupação de produzir alimentos saudáveis, por outro lado, as grandes fazendas em volta só usam monocultura de cana e agrotóxico. E isso a gente sabe que não prejudica só lá no local, mas todo o entorno, que sofre contaminação da água e do solo”. Para assistir ao vídeo, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=fuL-D7KoWdw. Sob o argumento de ser menos poluente, o setor de biocombustíveis recebe bastante incentivo oficial – com o governo determinando uma porcentagem cada vez maior de mistura de etanol para os veículos no país. No entanto, a ActionAid defende que é preciso relativizar esta ideia de sustentabilidade, pois o produto final pode ser menos poluente, mas o processo produtivo provoca danos ambientais e sociais. Um relatório encomendado pela ActionAid, em parceria com a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), ao economista e consultor da Fase Sergio Schlesinger embasa o material audiovisual. O documento traça um panorama do mercado de biocombustíveis hoje no Brasil e no mundo, do uso de monoculturas e do impacto das práticas utilizadas por elas sobre a produção de alimentos no Mato Grosso, estado que é maior é produtor brasileiro de grãos: a expansão da soja, do milho, do algodão e da cana-de-açúcar se deu em prejuízo de importantes culturas alimentares, como o arroz, cuja área plantada em 1998/99 era de 730 mil hectares, dos quais restaram apenas 166 mil na safra 2012/13. A área total plantada com mandioca em Mato Grosso reduziu-se de aproximadamente 40 mil para menos de 24 mil hectares entre 2005 e 2012. Acesse o relatório pelo link http://www.actionaid.org.br/sites/files/actionaid/publicacao_impactos_biocombustiveis_mt.pdf. (Envolverde)