Energia solar comercial atinge paridade com a rede em três países europeus

.

Atualizado em 27/03/2014 às 11:03, por Ana Maria.

Novo relatório informa que o custo da eletricidade fotovoltaica em sistemas com mais de 30 kW já está equivalente ao preço da energia da rede elétrica na Alemanha, Espanha e Itália; No Brasil, alto valor de instalação prejudica competitividade

Alguns países da Europa são conhecidos pelo seu alto desenvolvimento solar, e nesta semana seus investimentos nessa tecnologia foram confirmados por um novo relatório da consultoria Eclareon: uma vez contabilizados todos os custos, Alemanha, Espanha e Itália já possuem o preço da energia solar no setor comercial em paridade com as tarifas da energia elétrica.

Esses dados fazem parte do PV Grid Parity Monitor (algo como Monitor de Paridade de Sistemas Fotovoltaicos), que analisa a competitividade da energia solar fotovoltaica em relação aos preços e legislações no setor comercial (sistemas fotovoltaicos a partir de 30 kW).

A Eclaron avaliou os preços e regulamentações locais de sete países: Alemanha, Espanha, Itália, França, México, Chile e Brasil, e a partir de suas características elaborou um gráfico que mostra o quanto cada nação está próxima da paridade de rede.

Para chegar a esse resultado, foi calculado o custo nivelado de energia (LCOE) da eletricidade fotovoltaica, ou seja, tudo aquilo que determina o custo da energia solar: a instalação, a manutenção, os investimentos, o preço da eletricidade, a depreciação etc.

Assim, segundo o estudo, “o LCOE na Itália e na Alemanha está agora em paridade com a rede, mesmo com os preços de varejo. A Espanha já está praticamente no mesmo nível, enquanto o México e a França já estão em bom caminho. Contudo, são dados sempre em movimento, visto que o LCOE da energia solar em 2012-2013 caiu significativamente em todos os países, ou seja, nem sempre esses dados se traduzem em paridade de rede, já que os preços mudam”.

A Alemanha e a Itália, por exemplo, atingiram a paridade de rede devido ao baixo custo de instalação dos sistemas fotovoltaicos. Além disso, a preço da energia na rede nesses países é relativamente caro, tornando mais fácil que o valor da fotovoltaica se equipare. De acordo com o relatório, isso compensa o relativo baixo nível de irradiação nessas nações, e as torna as mais bem posicionadas para o autoconsumo.

“Em países como a Itália e a Alemanha, que têm tanto uma paridade de rede quanto uma regulamentação apropriada, os sistemas fotovoltaicos para autoconsumo representam uma alternativa de geração de energia viável, custo-efetiva e sustentável”, observou David Pérez, autor da pesquisa.

Já na Espanha, a paridade de rede foi atingida devido à alta radiação e preços competitivos dos sistemas fotovoltaicos. Entretanto, o baixo apoio regulatório, que não permite compensação para os que geram excesso de energia fotovoltaica para a rede, é uma barreira para o desenvolvimento do mercado solar na Espanha, e muitas pessoas, inclusive, passaram a retirar os painéis que haviam instalado.

O México também apresentou uma paridade de rede parcial para certos tipos de consumidores comerciais – os com potência instalada inferior a 25 kW. Além disso, o país tem boas políticas de apoio para o autoconsumo de eletricidade fotovoltaica. Mas para a maioria dos consumidores, no entanto, as baixas tarifas de eletricidade ainda representam uma barreira.

Na França, os altos níveis de irradiação e os custos relativamente baixos de instalação ainda não compensam as baixas taxas de eletricidade no setor comercial. Por sua vez, o Chile, além dos baixos preços da eletricidade convencional, tem altos preços de instalação dos sistemas fotovoltaicos.

Brasil

Nosso país também é apontado como uma nação com alto potencial para a energia solar fotovoltaica, principalmente pelo fato de apresentar um bom exemplo de apoio regulatório e altos níveis de irradiação, incentivos para o desenvolvimento do mercado. Contudo, os altos preços de instalação ainda são um obstáculo para que a energia fotovoltaica no país apresente competitividade em relação à eletricidade da rede.

Segundo o relatório, algumas medidas atuais e futuras, entretanto, poderão fazer o país chegar mais perto da paridade de rede e do estímulo ao autoconsumo.

Entre elas, a recente aceitação de projetos fotovoltaicos em leilões de energia para novas produtoras de energia, uma proposta de lei para a instalação obrigatória de sistemas solares térmicos em edificações públicas, uma proposta de lei para redução da tarifa cobrada sobre módulos fotovoltaicos etc.

“O autoconsumo da energia fotovoltaica só será promovido se a paridade de rede for combinada com o apoio governamental”, conclui o relatório.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.


    Leia também: