Campo Grande – Conversei, na sexta-feira (18), com o jornalista e antropólogo Spensy Pimentel, que atua com os guarani-kaiowá no Mato Grosso do Sul – povo que está sofrendo um genocídio a conta-gotas, expulsos de suas terras e expostos à fome, ao preconceito e à superexploração de sua força de trabalho. Posto abaixo as informações preliminares repassadas ao jornalista, que é membro da Repórter Brasil, sobre (mais) um ataque ocorrido:
Ao menos três indígenas kaiowá teriam sido mortos por pistoleiros, nesta manhã de sexta, a tiros de grosso calibre, no lugar conhecido pelos indígenas como Ochokue/Guaiviry, nas proximidades da vila de Tagi, à beira da MS-386, entre Ponta Porã e Amambai. Entre eles, estava o cacique Nísio Gomes. As informações, preliminares, são da coordenação do movimento político guarani-kaiowá, Aty Guasu.
O Ministério Público Federal, a Polícia Federal de Ponta Porã e a Funai foram acionados. Segundo as informações, os corpos foram carregados numa caminhonete, e teme-se que sejam levados ao Paraguai. A fronteira está a meia hora do local.
Além do cacique, também teriam sido mortos uma mulher e uma criança de cinco anos.
O movimento Aty Guasu tinha realizado na quarta-feira um ato de solidariedade ao grupo de Guaiviry. Depois da visita ao local, o ônibus dos indígenas foi retido por fazendeiros armados, sendo liberado após horas de negociação.
A área de Guaiviry é uma das que foram incluídas nos processos de identificação de terras indígenas iniciados no Mato Grosso do Sul pela Funai em 2008 – o relatório está em fase de conclusão. Os indígenas ocuparam a área onde aconteceu o conflito há cerca de 15 dias e vinham recebendo visitas da Funai e da Polícia Federal. Ainda assim, como vem acontecendo em outras áreas em conflito, isso não foi suficiente para coibir as agressões realizadas por homens armados a serviço dos fazendeiros da região, como demonstram outros casos registrados de violência.
* Publicado originalmente no Blog do Sakamoto.