Construir uma escola utilizando materiais sustentáveis, em pouco tempo e com o mínimo de custo foi a meta da arquiteta australiana Anna Heringer e do alemão Eike Roswa. Eles adaptaram uma escola rural em Rudrapur, vilarejo de Bangladesh, a uma arquitetura secular de barro e bambu aprimorada para ser mais duradoura.
A obra artesanal faz parte do METI (Instituto de Treinamento Educacional Moderno), setor da ONG Dipshikha, de Bangladesh, focada no auxílio às crianças, para que desenvolvam seus próprios potenciais e os utilizem de maneira criativa.
A escola, que foi finalizada em menos de quatro meses, possui aproximadamente 325 m² e dois andares compostos por seis salas de aula no térreo e uma maior no primeiro andar. Por utilizar pequena quantidade de tijolos, concreto e aço, a economia do custo da produção chegou a 50%. No total, foram empregadas 400 toneladas de barro.
O prédio de aparência rústica possui uma boa iluminação graças às paredes de bambus, que também permite um ambiente mais arejado. Janelas e tetos foram decorados com mantas de algodão colorido, no intuito de quebrar a cor do barro das paredes.
A necessidade de difundir o conhecimento das técnicas para uma futura disseminação da prática exigiu do projeto a utilização de mão de obra de pessoas da própria região, como artesãos, professores, pais e estudantes do vilarejo, que poderão utilizar as novas técnicas aprendidas em suas próprias construções.
Materiais naturais da localidade, como a palha, o bambu, a argila, foram transportados para a obra por meio de animais, o que dispensou o uso de transportes emissores de CO2. O trabalho manual evitou também o uso de máquinas. A junção de todos esses componentes tornou a construção potencialmente sustentável, que rendeu em 2007, o prêmio de arquitetura Aga Khan, concedido a obras destinadas a comunidades muçulmanas.
Com o sucesso da construção da escola, a arquiteta Anna Heringer firmou parcerias com escolas de arquitetura para continuar construindo no vilarejo mais casas e uma escola de ensino técnico em elétrica, sempre com a mesma técnica sustentável.
* Publicado originalmente no site EcoD.