Estação da Luz: a origem de uma metrópole

O interior da Estação da Luz: história viva

 

Hoje, a antiga estação não é mais o cartão de visitas daquela que seria a principal cidade do país. Mas sua estrutura, hoje tombada, ainda permanece um reflexo do poderio econômico de São Paulo.

Muitos visitantes do Museu da Língua Portuguesa não sabem que as atrações do local vão muito além do ambiente expositivo. A Estação da Luz, prédio que abriga o museu, é uma atração em si. Construída em 1901 e ocupando 7.500 metros no Jardim da Luz, já foi considerada a sala de visitas de São Paulo: por aqui chegavam os imigrantes, que muitas vezes tinham suas primeiras impressões da cidade. O cheiro, a cor, a luz e, claro, a língua. Por ela também passava o café que seria exportadao através do porto de Santos, assim como bens de consumo e de capital importados que abasteciam a cidade. Personalidades importantes, homens de estado, diplomatas, intelectuais e artistas – todos eram obrigados a desembarcar por aqui, seja para serem recepcionados, seja para se despedirem. Era o primeiro e último olhar da cidade.

A fachada do prédio

Tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico em 1982, o complexo arquitetônico da Estação da Luz é hoje uma atração turística importante. Passear entre suas quatro plataformas é conhecer o embrião daquela que seria o motor econômico do país, e principal cidade da América do Sul. Seu projeto de estilo vitoriano, que tinha como responsável James Ford, era um referencial urbano, que constituía a “imagem do Brasil”. Sua arquitetura, aliás, é um reflexo do poder do café no Brasil. Porém, como o prédio sofreu um incêndio no final dos anos quarenta, o que o visitante verá de fato é sua versão reformada, datada de 1951. Obras de recuperação foram realizadas em 2003, recuperando a cobertura e outros ornamentos, além do grande relógio, que era um diferencial para acertos na cidade – e que ainda está em funcionamento. A parte interna, as fachadas laterais e a principal foram concluídas no aniversário de 450 anos da cidade de São Paulo.

A visita pode ser feita diariamente, entre as 4h e a meia-noite. Outra atração é fazer um passeio no Expresso Turístico, uma linha que para mostrar e divulgar a história das linhas e dos trens os quais impulsionaram a capital e as cidades que fazem parte da malha ferroviária paulista. Suas paradas incluem Paranapiacaba, Mogi das Cruzes e Jundiaí, com locomotivas que puxam vagões de longo percurso de capacidade para 170 pessoas, movidas a diesel e a cerca de 40 quilômetros por hora. A 60 km da capital, Jundiaí e cidades vizinhas reservam uma série de atrações, como o Museu Ferroviário, da Cia Paulista de Estradas de Ferro, que praticamente desenhou o mapa ferroviário do interior de São Paulo, as belezas naturais da Serra do Japi com suas trilhas e caminhadas, e o Circuito das Frutas, uma viagem pelos produtores de uva, morango, caqui, figo, etc, localizados nos municípios da região. Há ainda outros aspectos de interesse turístico, como a arquitetura local, parques e feiras de artesanato.

* Publicado originalmente no site Opinião e Notícia.