Estados Unidos aprovam a primeira pílula de prevenção do vírus da aids

O Truvada é encontrado no mercado norte-americano desde 2004, como tratamento para pessoas infectadas com o HIV. Foto: ©AFP/Getty Images/File/Justin Sullivan

Washington (AFP) – A utilização da primeira pílula para prevenir o HIV em adultos em grupos de risco foi aprovada nesta segunda-feira (16) pela Agência Federal de Alimentos e Medicamentos (FDA), dos Estados Unidos.

O Truvada, como é chamado, é agora reconhecido como medicamento efetivo para prevenção contra o vírus causador da aids, desde que aliado ao sexo seguro e aos testes regulares.

Produzida pelo laboratório Gilead Sciences, na Califórnia, a pílula é encontrada no mercado norte-americano desde 2004, sendo usada no tratamento de pessoas infectadas com o HIV e indicado em combinação com outros remédios antirretrovirais.

O medicamento é considerado por muitos especialistas uma nova e potente ferramenta contra o vírus da aids, mas alguns provedores de serviço de saúde temem que incentive comportamentos sexuais de risco.

Além disso, o custo do tratamento é avaliado em torno de US$ 14 mil por ano, o que o torna inviável para muitas pessoas.

“O Truvada representa uma abordagem efetiva e comprovada que pode ser somada a outros métodos para ajudar a reduzir a propagação do HIV”, afirmou Debra Birnkrant, diretora da divisão de produtos antivirais da FDA.

A FDA informou que o Truvada deve ser usado como “parte de uma estratégia abrangente para a prevenção contra o HIV, que inclui outros métodos, como a prática de sexo seguro, a orientação para a redução de risco e os teste regulares de HIV”.

Em maio, um painel assessor da FDA pediu para aprovar o Truvada como prevenção para pessoas não infectadas, depois que testes clínicos mostraram que este medicamento pode reduzir o risco de HIV em homens homossexuais de 44% a 73%.

Um estudo sobre o Truvada publicado em 2010, no New England Journal of Medicine, incluiu 2.499 homens que tinham relações sexuais com outros homens, mas que não estavam infectados com o vírus que causa a aids.

Os participantes foram selecionados aleatoriamente para tomar uma dose diária de Truvada – uma combinação de 200 miligramas de emtricitabina e 300 mg de tenofovir disoproxil fumarato – ou um placebo.

Quem tomou o medicamento regularmente teve quase 73% menos infecções.

Um segundo estudo, com 4.758 casais heterossexuais, em que um parceiro estava infectado com o HIV e outro não, mostrou que o Truvada diminuiu em 75% o risco de contaminação em comparação com o placebo.

Segundo os especialistas, os resultados são a primeira demonstração de que um remédio já aprovado por via oral pode diminuir a probabilidade de infecções de HIV.

Os efeitos colaterais mais comuns foram os mesmos que os observados em pessoas que usavam o remédio no tratamento da aids, e incluíam diarreia, náuseas, dores abdominais, dores de cabeça e perda de peso.

A meta é, um dia, zerar o número de novas infecções nos Estados Unidos, que se manteve estável nos últimos anos, em torno de 50 mil novos casos por ano, e reduzir essa taxa em 25% até 2015.

* Publicado originalmente na Agência France Press e retirado do site Carta Capital.