Fim e começo; começo e fim: um ciclo interminável

temporelogioO Carnaval acabou. O horário de verão acabou. A exposição do Ron Mueck, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, acabou, e muita gente, como eu, não viu, mas de tanto falarem, sinto que a visitei.

Mesmo com as chuvas que São Pedro mandou a água de Sampa quase acabou. Essa existência acabou para quem cumpriu a sua jornada aqui. Também acabou o tempo para quem preferiu postergar decisões.

Como acontece todos os anos, a Festa de Momo e o horário de verão retornarão em breve. Muitas outras exposições invadirão os diversos espaços da cidade, como a AFRICA AFRICANS, que acontecerá a partir de abril no Museu Afro Brasil.

Já o recurso hídrico seguirá capenga e poderá acabar se o santo que faz a gestão das torneiras não direcionar as tempestades para os lugares certos, e se não nos conscientizarmos de que as florestas são as verdadeiras responsáveis pelas chuvas: mais árvores e parques; menos edifícios.

As amigas e os amigos queridos os quais partiram, continuarão vivos para sempre em cada um de nós e serão eternamente lembrados.  Como o tempo acaba e recomeça a cada instante, a escolha não efetuada agora pode ser revista a qualquer momento. Basta decidir.

O Velho Guerreiro dizia: “O Chacrinha comanda a Hora da Buzina, o programa que só acaba quando termina”. E mesmo fora do ar há tanto tempo, as suas peripécias no palco nunca saíram da minha mente, como aquele momento solene em que ele oferecia o legítimo bacalhau para a plateia.

No mundo corporativo e com forte viés político, depois de meses de investigações, o drama da Petrobrás não terminou, embora muitos prefiram que o desfecho seja o fim dessa empresa- símbolo e patrimônio nacional, ou que ela seja privatizada e vendida, para alguma concorrente estrangeira.

Vale apenas lembrar que a Petróleo Brasileiro S/A é muito maior do que as pessoas envolvidas no escândalo. Não por acaso, o investidor George Soros está adorando essa situação. Com a queda de preço no mercado, ele tratou de abastecer o seu portfolio de investimentos com a compra, a preço de “banana”, de milhares de ações desta empresa verde-amarela, e reconhecida como uma das mais inovadoras do seu segmento.

E retomando o tema do início, esta crônica quase acabou, e retornará na próxima semana. Tomara que a minha inspiração nunca termine, e que um bom mote jamais eu deixe escapar. Mas se eu deixar, outro virá. Por aqui, fico. Ponto final.

* Leno F. Silva escreve semanalmente para Envolverde. É sócio-diretor da LENOorb – Negócios para um mundo em transformação e conselheiro do Museu Afro Brasil. É diretor do IBD – Instituto Brasileiro da Diversidade, membro-fundador da Abraps – Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade, e da Kultafro – rede de empreendedores, artistas e produtores de cultura negra. Foi diretor executivo de sustentabilidade da ANEFAC – Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. Editou 60 Impressões da Terça, 2003, Editora Porto Calendário e 93 Impressões da Terça, 2005, Editora Peirópolis, livros de crônicas.