Entrada de empresas chinesas no mercado brasileiro acirra concorrência no setor de turbinas para geração eólica. Um setor que já estava aquecido pela competição entre produtores tradicionais da Europa e do EUA.
Matéria da publicação Brasil Energia (só para assinantes), mostra que a entrada dos chineses está acirrando a concorrência no mercado de turbinas eólicas no Brasil. Os grandes produtores da China estão todos desembarcando no Brasil. Aqui tem demanda firme por turbinas, garantida pelas usinas já aprovadas para instalação e há clara perspectiva de crescimento continuado daqui para frente. No resto do mundo, o investimento arrefeceu com a crise econômico-financeira. Ainda não parou, mas perdeu fôlego. No Brasil, a tendência é que o investimento aumente nos próximos anos.
Por isso mesmo, não só os chineses estão entrando no país. Todos os grandes produtores europeus e dos Estados Unidos já disputam fatias deste mercado em crescimento e tem potencial muito maior a médio e longo prazo. Uma política mais vigorosa de diversificação das fontes renováveis no Brasil, que será inevitável em algum momento ao longo desta década, produziria crescimento explosivo na instalação de usinas eólicas no país.
Uma usina eólica se resume praticamente à turbina, ou aerogerador, que corresponde a mais ou menos 60% do custo total. Portanto, para haver crescimento no número de usinas é preciso garantir o suprimento de turbinas. O problema é que os outros 40% batem na carga tributária elevada e na ineficiência logística do país, com custos mais elevados. Essa parcela do custo dissociada das turbinas é bem mais alta que no resto do mundo.
Segundo a Brasil Energia, levantamento da Bloomberg New Energy Finance (BNEF) diz que será necessário reduzir o preço das turbinas em 15%, em média, para se chegar aos valores estimados nos últimos leilões de eólica aqui. O preço dos aerogeradores que estava em torno de US$ 1,4 milhão por megawatt em 2010, que teria que recuar para US$ 1,2 milhão por megawatt. A média global é de US$ 1,34 milhão/MW. ??As turbinas chinesas, embora criticadas por serem de qualidade inferior e menos confiáveis, têm custo agressivo. Segundo o levantamento da Bloomberg citado pela Brasil Energia, os aerogeradores chineses chegariam ao Brasil ao preço de US$ 1,24 milhão por megawatt, já contando impostos e custos de logística. É muito difícil para os fornecedores tradicionais chegar a esses preços. “Mesmo com proteção da variação cambial, os equipamentos chineses ainda sairiam mais baratos do que o valor projetado nos leilões.”
Além disso, os produtos chineses vêm financiados pelo banco estatal de fomento de seu país. O financiamento anda apertado no resto do mundo, por causa da crise financeira. No Brasil o crédito para o setor de turbinas eólicas está com perspectiva negativa, diz a Brasil Energia. O Banco do Nordeste parou de financiar o setor e há indicações de que o BNDES pode reduzir o percentual financiado.
Mas essa restrição de crédito não anda assustando os produtores, de olho no futuro promissor da energia eólica no Brasil. Tudo aponta para a energia eólica como o futuro para o Brasil, que continua, entretanto, afundando uma montanha de dinheiro em projetos ultra duvidosos como o de Belo Monte. E agora, o setor de energia fotovoltaica, de fonte solar, se prepara para entrar nos leilões. No mundo é o setor que está bombando, com preços das placas caindo e muita novidade despontando no horizonte tecnológico. E a combinação eólica/solar fotovoltaica no Brasil pode ser campeã mundial mais facilmente que a seleção de Mano Menezes.
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** Publicado originalmente no site Ecopolítica.