Embora o Brasil venha reduzindo gradativamente a queima de gás no processo de produção de petróleo, em parte em decorrência da assinatura de um termo de compromisso com todos os concessionários e que resultou no Programa de Queima de Gás e também ao declínio natural de produção de alguns campos, o percentual ainda não é o ideal, uma vez que o gás natural tornou-se importante insumo da matriz energética brasileira.
Em entrevista à Agência Brasil, o superintendente adjunto de produção da ANP, André Luiz Barbosa, admitiu que o ideal para a agência é que essa queima fique em apenas 3% do total produzido. “O objetivo da agência é que se chegue a um nível de queima de apenas 3% do gás produzido – o que levaria a uma redução significativa. No final do mês de fevereiro, chegamos a uma queima em torno de 7%, mais ou menos. Estamos verificando que desde janeiro de 2010, com a assinatura de um termo de compromisso com todos os concessionários, essa queima vem decrescendo ano a ano, mas ainda estamos longe do ideal”, admitiu.
Projeção aponta que 3% só em 2014 ou 2015
Segundo Barbosa, chegar a 3% de queima é um percentual ainda difícil de ser alcançado. “Esse resultado de 3% seria o ideal, só que é preciso considerar que muitas das plataformas existentes no Brasil são antigas e quando foram concebidas não previam o aproveitamento do gás, porque o petróleo na época tinha um valor comercial muito maior. Então, esse percentual de 3% ainda vai demorar um pouco mais para ser alcançado”, projetou.
Na avaliação do superintendente adjunto de Produção da ANP, as estimativas da agência apontam para a possibilidade de que se chegue a 2012 com uma queima diária em torno de 5%. “Nós estamos com estimativa de chegar a 5% de perda em 2012 ou 2013, o que já seria um cenário bem razoável. Se em fevereiro nós já reduzimos a queima para 4,8 milhões de metros cúbicos por dia, se chegarmos em torno de 3,5 milhões a 4 milhões de metros cúbicos diários no próximo ano já será um cenário bem razoável pela quantidade de campos existentes no país”.
Para Barbosa, depois de atingir a meta de 5% é que a ANP vai avaliar se será possível “apertar mais os níveis de queima para atingir esse patamar de 3% em 2014, 2015”.
Os dados do Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural de fevereiro deste ano indicam que houve redução de 42,1% na queima do gás, na comparação com fevereiro de 2010, e de 20,4% em relação a janeiro deste ano.
As informações mostram ainda que do volume total de gás natural queimado em fevereiro último, 84,9% foram oriundos de campos em fase de produção e 15,1% relativos a testes de longa duração da fase de exploração.
“Considerando-se apenas as concessões na fase de produção, o índice de utilização de gás natural no mês foi de 93,4%”.
Em 2009, quando o gás natural começava a se destacar como importante insumo na matriz energética, o Brasil chegou a queimar mais de 13 milhões de metros cúbicos diários – volume suficiente para gerar cerca de 3 mil megawatts de energia térmica e abastecer uma cidade de aproximadamente 12 milhões de habitantes.
“Foi uma coisa gritante e que nos levou ao Programa de Redução de Queima de Gás Natural. Entendemos que os níveis da queima de gás no Brasil estavam muito elevados, em função principalmente de novas unidades de produção que entravam em operação”, concluiu Barbosa.
* Publicado originalmente no site EcoD.