Mais de 30 instituições federais, estaduais e municipais buscam levar cidadania e inclusão social, além de fomentar o desenvolvimento sustentável nos 11 municípios da área de abrangência da usina de Belo Monte e do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRS).
Trata-se do mutirão da Operação Cidadania Xingu, que já realizou 66 mil atendimentos nos municípios de Altamira, Brasil Novo e Medicilândia, no Pará. Na quinta-feira, 18 de agosto, e nesta sexta-feira (19) é a vez dos moradores de Placas, que possui 24 mil habitantes, contarem com serviços de saúde, educação e produção sustentável.
Segundo balanço da coordenação dos mutirões, os serviços mais procurados nos três primeiros municípios foram de saúde e de emissão de documentos. O diretor de Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Paulo Guilherme, destacou que o índice de atendimento superou a expectativa. “Nossa meta era atingir 10% do número da população. Em Altamira, por exemplo, foram mais de 50 mil atendimentos, o que representa metade da população do município”, comemorou.
Movimentos sociais e ONGs prepararam manifestações
Apesar das iniciativas empreendidas na Operação Cidadania Xingu, movimentos sociais e organizações ambientalistas preparam uma nova manifestação contra a instalação da usina. No sábado (20), eles promovem mobilizações em 15 cidades brasileiras. Na segunda-feira (22), os protestos serão feitos em frente a embaixadas e consulados brasileiros em 20 cidades de 16 países.
O representante do Movimento Brasil pela Vida nas Florestas, Marco Antonio Morgado, observou à Agência Brasil que, mesmo com o início das obras da usina, autorizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em junho, o projeto não é considerado um fato consumado. “Queremos trazer a discussão de volta para a pauta, que estava sedimentada. Pelas ações que tramitam na Justiça, acreditamos que ainda é possível revogar o projeto e evitar que essa obra vá adiante”, projetou.
Na quarta-feira (17), o Ministério Público Federal no Pará (MPF/PA) entrou com mais uma ação na Justiça para contestar o empreendimento. Dessa vez, o MPF pede a paralisação da obra pela violação de direitos de povos indígenas da região, que terão de ser removidos de suas áreas tradicionais, o que é vetado pela Constituição.
Em São Paulo, o grupo espera reunir 4 mil pessoas na Avenida Paulista. Em Belém, a expectativa do Comitê Metropolitano Xingu Vivo para Sempre é que 2 mil pessoas participem do protesto, inclusive representantes de comunidades indígenas do Xingu, que serão afetadas direta ou indiretamente pela obra.
Segundo Morgado, as manifestações vão pedir a paralisação de Belo Monte e a rediscussão de grandes projetos desenvolvimentistas. “A população brasileira não foi consultada. Belo Monte vai na contramão de uma perspectiva de sustentabilidade social e ambiental”, criticou o ativista.
* Publicado originalmente no site EcoD.